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Tesouro Direto registra maior volume de vendas da história em março

Foto José Cruz Agência Brasil

Com alta da Selic e vencimento de títulos antigos, programa alcança R$ 11,69 bilhões em vendas; papéis atrelados aos juros básicos lideram preferências

O Tesouro Direto registrou em março o maior volume mensal de vendas desde sua criação, em 2002. Impulsionadas pelo vencimento de títulos corrigidos pela Selic, as negociações alcançaram R$ 11,69 bilhões, segundo dados divulgados na quarta-feira (30/04) pelo Tesouro Nacional. O recorde anterior havia sido registrado em agosto de 2024, com R$ 8,01 bilhões.

A alta expressiva representa um crescimento de 102,86% em relação a fevereiro e de 231,11% na comparação com março do ano passado. O principal fator por trás do avanço foi o vencimento de papeis atrelados à Selic, que chegaram a R$ 11,5 bilhões em resgates, recompras e vencimentos. Desse total, R$ 7,39 bilhões foram reinvestidos em novos títulos com a mesma correção.

Os papéis atrelados à taxa básica de juros foram os mais procurados, representando 63,2% das vendas no mês. Já os títulos corrigidos pela inflação (IPCA) corresponderam a 19,1%, enquanto os prefixados somaram 11,6%. Os produtos mais recentes do programa, como o Tesouro Renda+ (voltado à aposentadoria) e o Tesouro Educa+ (focado na educação), responderam por 4,9% e 1,2% das vendas, respectivamente.

A atratividade dos títulos ligados à Selic tem sido impulsionada pelos altos juros básicos, que atualmente estão em 14,25% ao ano — patamar elevado em relação aos 10,5% observados até setembro do ano passado. Com a expectativa de novos aumentos, investidores seguem apostando nesses papeis. Já os títulos indexados à inflação têm atraído atenção diante da possibilidade de aumento nos índices de preços nos próximos meses.

O estoque total do Tesouro Direto encerrou março em R$ 165,1 bilhões, crescimento de 0,66% sobre fevereiro e de 23,88% em relação a março de 2024. O avanço no valor, apesar dos resgates terem superado as vendas em R$ 742,3 milhões, ocorreu devido à correção dos juros.

Perfil dos investidores

O programa registrou queda no número de participantes ativos no último mês: 78,9 mil investidores deixaram de operar, após resgatarem seus investimentos e não retornarem. Ainda assim, o número total de investidores cadastrados chegou a 31.972.319, alta de 14,17% em 12 meses. Já os investidores com operações em aberto somam 2.947.516, um aumento de 15,4% no mesmo período.

As aplicações de pequeno valor continuam predominando. Operações de até R$ 5 mil representaram 72,2% das 904.506 vendas realizadas em março — sendo que quase metade (48,9%) foi de até R$ 1 mil. Apesar disso, o valor médio das operações bateu recorde, alcançando R$ 12.924,37.

Os papeis de curto prazo continuam sendo os preferidos dos investidores: 46,7% das vendas foram de títulos com vencimento em até cinco anos, seguidos por papeis com prazo entre cinco e dez anos (38,7%) e acima de dez anos (14,6%).

Sobre o Tesouro Direto

Criado em 2002, o Tesouro Direto permite que pessoas físicas adquiram títulos públicos pela internet, sem necessidade de intermediários financeiros. O programa é uma das formas de o governo captar recursos para financiar a dívida pública. Em troca, o investidor recebe a devolução do valor aplicado, acrescido de juros pré fixados, atrelados à inflação ou à taxa Selic.

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