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Tesouro esquecido: Biblioteca Nacional na Avenida Rio Branco guarda séculos de história e cultura

Divulgação

Apesar de ser a maior biblioteca da América Latina e um dos patrimônios culturais mais importantes do Brasil, a Biblioteca Nacional permanece como um ponto turístico pouco explorado pelos próprios cariocas.

No coração do centro do Rio de Janeiro, cercada pela movimentada Avenida Rio Branco e por edifícios que testemunharam a história do Brasil, ergue-se um monumento silencioso, imponente e, curiosamente, desconhecido por muitos: a Biblioteca Nacional. Inaugurada em 1910 no prédio atual, a instituição guarda um acervo que ultrapassa 9 milhões de itens, entre livros raros, manuscritos, mapas, fotografias, periódicos e obras únicas que narram a formação cultural do país.

Mesmo sendo considerada uma das dez maiores bibliotecas do mundo e a maior da América Latina, a Biblioteca Nacional não recebe a atenção devida do público carioca. “Muitos moradores passam em frente todos os dias e não fazem ideia do tesouro que existe aqui dentro”, afirma Ana Luiza Barbosa, historiadora e funcionária da instituição há mais de 20 anos.

O prédio, de arquitetura eclética com influências neoclássicas, é uma atração por si só. Com salões majestosos, vitrais europeus, escadarias de mármore e uma riqueza estética que remete à Belle Époque, o local oferece visitas guiadas gratuitas que revelam não apenas a história da biblioteca, mas também do Brasil imperial e republicano. O silêncio dos corredores contrasta com o ritmo apressado do centro da cidade, criando um oásis de contemplação e conhecimento.

Poucos sabem, por exemplo, que parte do acervo foi trazida de Portugal após a vinda da corte portuguesa ao Brasil, em 1808. A instituição foi criada oficialmente em 1810 por D. João VI e, desde então, é responsável pelo depósito legal de todas as publicações feitas no Brasil, garantindo a preservação da memória editorial nacional.

Além das visitas, a Biblioteca Nacional promove exposições temporárias, lançamentos de livros, seminários e outras atividades culturais que são abertas ao público. A programação é variada e gratuita, mas ainda carece de divulgação mais ampla para atingir a população local.

“É como se fosse um museu vivo, em constante transformação. Todo carioca deveria vir aqui ao menos uma vez na vida”, diz Mariana Ribeiro, professora de literatura que organiza visitas com seus alunos da rede pública.

A revitalização do centro do Rio tem trazido nova atenção ao patrimônio da região, e a Biblioteca Nacional desponta como peça-chave nesse movimento. No entanto, para que deixe de ser apenas um cenário para turistas e estudantes estrangeiros, é preciso que os próprios cariocas redescubram seu valor.

Visitar a Biblioteca Nacional é mais do que folhear livros antigos — é reconectar-se com a própria identidade. A porta está aberta. Só falta entrar.

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