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Traficante ensina em áudio como se comunicar com Fernandinho Beira-Mar, preso há quase 20 anos

Foto: Povo na Rua

Um áudio interceptado pela polícia revelou que um traficante de Rondônia ensinava comparsas a manter contato com Fernandinho Beira-Mar, um dos criminosos mais conhecidos e temidos do país, preso em presídios federais há quase 20 anos. O material mostra como integrantes do crime organizado mantinham comunicação com o líder do Comando Vermelho, burlando a segurança do sistema penitenciário.

O conteúdo faz parte de investigações sobre Luiz Carlos Bandeira Rodrigues, conhecido como Da Roça ou Zeus, apontado como um dos principais articuladores do tráfico na Região Norte. No áudio, gravado em 2015, ele explica passo a passo como fazer uma mensagem chegar até Beira-Mar dentro da penitenciária:

“Você faz o seguinte. Elabora aí o informativo e lança no WhatsApp do Matemático, que vou encostar ali na cunhada para ver o dia que pode mandar lá para dentro. Vai passar do WhatsApp para o papel, do papel vai para a mão do advogado, e o advogado bate lá e manda na mão do corre”, orienta o criminoso.

Na época da gravação, Beira-Mar cumpria pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, enquanto Zeus estava preso no Centro de Ressocialização do Cone Sul, em Vilhena. Anos depois, entre 2019 e 2021, ambos voltaram a dividir o mesmo presídio, em Campo Grande (MS), o que teria reforçado a ligação entre os dois.

De acordo com a Polícia Civil de Rondônia, Zeus usava sua influência para intermediar contatos e facilitar a comunicação entre criminosos de diferentes estados. Já no Rio de Janeiro, ele teria ganhado ainda mais destaque dentro da facção após ajudar o Comando Vermelho a expandir seus domínios para a Zona Sudoeste, região antes controlada pela milícia.

Atualmente, segundo a Polícia Civil do Rio, Zeus estaria escondido no Complexo do Alemão, de onde comanda as operações tanto em Rondônia quanto na capital fluminense. Sua liderança, considerada atípica por ser um criminoso de fora do estado, estaria ligada à capacidade de conseguir armas e munições com rapidez.

A expansão do Comando Vermelho para além das fronteiras do Rio preocupa as autoridades. Segundo o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional da Polícia Civil, Carlos Antônio Luiz de Oliveira, a disputa entre facções ultrapassa os limites estaduais:

“Não se trata apenas das guerras no Rio. Hoje, o Comando Vermelho disputa o Brasil com o PCC. Em pouco tempo, estaremos discutindo não só segurança pública, mas soberania nacional”, alertou o delegado.

Atualmente, o Comando Vermelho mantém presença em 25 estados e no Distrito Federal, com criminosos de pelo menos 12 regiões do país abrigados em comunidades cariocas. Essa rede transformou o Rio num ponto central de articulação entre facções, onde líderes operam de forma remota, ampliando a influência da organização em nível nacional.

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