Um ícone de Lisboa interrompido pela tragédiaLisboa amanheceu em luto. O Elevador da Glória, um dos símbolos mais queridos da cidade, descarrilou e tombou na tarde desta quarta-feira (3), transformando um passeio turístico em uma cena de horror. O acidente deixou 15 mortos e 18 feridos, segundo a Polícia de Segurança Pública (PSP).Entre os sobreviventes, está uma criança de apenas 3 anos, em estado de saúde estável. Outras cinco pessoas seguem em estado grave.Vítimas portuguesas e estrangeirasDe acordo com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), entre as vítimas estão cidadãos portugueses e estrangeiros. Dois espanhóis estão entre os feridos, mas não há confirmação de mortos daquele país. O embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro Silva, informou que não há brasileiros entre os atingidos.Um passeio interrompido em segundosO acidente ocorreu às 18h05 (hora local), em um fim de tarde que prometia ser de encanto para turistas e moradores. As primeiras hipóteses levantadas apontam para o rompimento de um cabo ou falha nos freios. “O mais provável é que um cabo de tração tenha se quebrado e, ao romper, os freios que deviam atuar não funcionaram”, explicou o engenheiro e ex-vereador de Lisboa Fernando Nunes da Silva.Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o veículo destruído. Uma testemunha descreveu à SIC:> “Bateu com uma força brutal num prédio e se despedaçou como uma caixa de papelão. Foi uma pancada muito forte, algo impressionante. Não tinha nenhum tipo de freio.”Cidade em lutoO governo de Portugal decretou luto nacional para esta quinta-feira (4). Em comunicado, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa prestou solidariedade às famílias:> “O Presidente da República apresenta o seu pesar e solidariedade às famílias afetadas por esta tragédia e espera que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes.”O governo brasileiro também manifestou condolências e apoio ao povo português.Um pedaço da história de Lisboa silenciadoInaugurado em 1885, o Elevador da Glória não era apenas um meio de transporte: era parte da memória afetiva da cidade. Com capacidade para 43 passageiros, o bondinho ligava a Praça dos Restauradores ao Jardim de São Pedro de Alcântara, no Bairro Alto, em um trajeto curto, mas carregado de charme e tradição.Reformado em 2022 e submetido a manutenção periódica em 2024, o funicular era considerado seguro. Por isso, o choque com a tragédia é ainda maior.Hoje, Lisboa não perde apenas vidas. Perde também um símbolo, um patrimônio que levava turistas e moradores por uma das vistas mais belas da capital.—