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Ultrassom é fundamental para o diagnóstico de pré-eclâmpsia e prevenção de complicações na gravidez, explica especialista

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A pré-eclâmpsia, que é o aumento da pressão arterial durante a gestação, é uma condição de saúde grave e contribui para 10% a 15% das mortes maternas diretas globalmente. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Rede Brasileira de Estudos sobre Hipertensão na Gravidez (RBEHG), estima-se que anualmente a doença seja responsável por 80 mil mortes maternas e 500 mil óbitos fetais.

A Dra Marianna Brock, especialista em diagnóstico por imagem, destaca que o exame de ultrassom é uma ferramenta essencial tanto para o rastreamento da pré-eclâmpsia, possibilitando um acompanhamento mais seguro da gestação.

“A pré-eclâmpsia é um problema de saúde muito grave, que comina até no óbito do paciente. É um aumento da pressão arterial da mãe, que acontece durante a gestação e, em alguns casos, após o parto. É importante estarmos atentos aos sinais que antecedem a pré-eclâmpsia e a eclampsia, que é um quadro grave que tem convulsão e até o óbito materno”, orienta a especialista.

A médica explica que algumas condições tornam as gestantes mais suscetíveis a complicações como a pré-eclâmpsia, incluindo gestações gemelares, mulheres acima de 35 anos, e casos de fertilização in vitro. Contudo, essas condições não significam que a pré-eclâmpsia ocorrerá de forma inevitável.

“No ultrassom do primeiro trimestre, analisamos a artéria uterina, que é responsável por irrigar o útero e promover a troca de nutrientes e oxigênio entre a mãe e o feto por meio da placenta. Quando a mulher não está grávida, o útero é pequeno e a demanda por nutrição é reduzida, de modo que um vaso sanguíneo de menor porte consegue suprir essa necessidade. No entanto, durante a gravidez, o bebê, embora pequeno, requer um aumento no fluxo sanguíneo para se desenvolver de forma saudável. À medida que a placenta se fixa no útero, ela altera a estrutura da artéria uterina, destruindo uma camada elástica que melhora o fluxo sanguíneo para o feto. Em casos de pré-eclâmpsia, essa destruição não ocorre corretamente, comprometendo a circulação. Esse processo pode ser monitorado e rastreado por meio do ultrassom”.

Marianna Brock, membro da Comissão Nacional de Medicina Fetal da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), também destaca as graves complicações que a pré-eclâmpsia pode causar, como convulsões, hemorragia cerebrovascular, falência múltipla dos órgãos e, em casos extremos, a morte materna e fetal, caso não haja um acompanhamento médico adequado.

“No caso da cantora Lexa, que infelizmente perdeu o bebê devido a complicações da pré-eclâmpsia, a situação clínica dela estava muito grave, o que colocava sua vida em risco. Diante disso, a equipe médica decidiu realizar a retirada prematura do bebê. A pré-eclâmpsia compromete o funcionamento da placenta, o que prejudica o transporte adequado de nutrientes e oxigênio para o feto. Como resultado, o bebê recebe uma alimentação insuficiente e uma oxigenação deficiente, o que leva à restrição de crescimento. Por exemplo, um feto de 30 semanas pode apresentar características de um feto de apenas 25 semanas no ultrassom. Esse atraso no desenvolvimento é preocupante, pois a prematuridade pode acarretar sérias sequelas neurológicas e afetar o futuro da criança, devido às alterações que a pré-eclâmpsia pode causar.

A especialista reforça que o histórico clínico da paciente e a realização de um pré-natal adequado são fundamentais para o rastreamento da pré-eclâmpsia, além de auxiliarem na decisão sobre a necessidade de medicação no tratamento.

“A cada consulta de pré-natal, realiza-se o monitoramento da pressão arterial e a coleta de exames de sangue específicos para detectar sinais de pré-eclâmpsia. Quando a pressão arterial começa a aumentar, a medicação é ajustada conforme a necessidade de cada paciente”, conclui.

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