Eduardo Paes e Marcelo Crivella disputam a chance de mudar a triste realidade da Cidade (ainda) Maravilhosa
Por Claudia Mastrange
É hora de decidir. No segundo turno das eleições 2020, Marcelo Crivella e Eduardo Paes disputam a prefeitura do Rio de Janeiro. Um é o atual prefeito e tenta a reeleição. O outro, já governou a cidade por dois mandatos. É hora de colocar na balança o que cada um fez em seu governo e as propostas viáveis que têm para os próximos quatro anos. Afinal eles estarão à frente da cidade que é a maior vitrine do Brasil para o mundo.
Conhecido como a Cidade Maravilhosa, há tempos o Rio está longe desse titulo no cotidiano dos cariocas. São anos de corrupção em várias instâncias, saúde em constante agonia, com unidades de saúde sucateadas e má gestão; educação nota zero; transportes públicos lotados e em péssimas condições para o usuário; população de rua em níveis crescente; comércio fechando as portas… A lista não tem fim!
Diante de tudo isso, vemos os dois candidatos trocando farpas nesta reta final de campanha. Crivella acusa Paes de ser o candidato da corrupção, inclusive por suas antigas relações com Sério Cabral, e que lhe deixou R$15 milhões a menos nos cofres púbicos para governar. Eduardo Paes rebate que suas contas foram aprovadas e que Crivella, o “pai da mentira”, não teve competência para colocar a administração e os serviços da cidade nos trilhos.
A questão é que a população não quer saber de bate-boca, acusações, baixarias de campanhas e promessas vãs. O momento é sério e o povo quer propostas urgentes para o caos estabelecido no Rio de Janeiro. Ninguém agüenta mais tantas mazelas e descaso com o dinheiro, os serviços, o patrimônio público maior, que é a nossa cidade.
Então, que possamos avaliar a plataforma de cada um deles e decidir quem, a despeito de todas as falhas que ambos cometeram em suas administrações, merece uma nova chance. Vamos anotar, abrir bem os olhos, escolher conscientemente e depois cobrar um trabalho comprometido e sério do novo prefeito. O Rio merece um gestor à sua altura.
PROPOSTAS DE GOVERNO
Eduardo Paes (Democratas)
Tem se declarado radicalmente contra a corrupção, embora no momento ele mesmo esteja sendo investigado. O ex-prefeito do Rio (entre 2009 e 2017) planeja criar uma secretaria de integridade pública, para poder fazer o monitoramento e acompanhamento e controle de todas as ações governamentais e dos agentes públicos.
No transporte, pretende reativar linhas de ônibus que foram tiradas de circulação e, em 100 dias recuperar o BRT, colocando a Guarda Municipal para monitorar o funcionamento, além de criar o BRT Rosa e finalizar até 2022 o BRT Transbrasil, que ligará Deodoro ao Centro do Rio. E criar um bilhete único integrado para todos os modais, com duração de 3 horas para cada viagem.
Na saúde, pretende contratar mil médicos e 5 mil funcionários, já em seu primeiro ano de mandato, além de investir na recuperação de Clínicas de Família e Upas e diminuir o tempo de espera na fila do Sisreg.
Na Educação, quer diminuir a disparidade entre ensino púbico e privado e promete contratar 3 mil professores até 2022, além de expandir a oferta de ensino em tempo integral e número de vagas em creches e pré-escolas.
Pretende aumentar os níveis de segurança, inclusive nos pontos turísticos para atrair grandes eventos e possibilitar mais frentes de trabalho e geração de renda,, inclusive com a revitalização do Centro o Rio.
O candidato também propõe a criação de um grupo de elite da Guarda Municipal para reduzir em 20%, até o final de 2023, os crimes em áreas de grande atividade comercial e elevado fluxo de pessoas. Esse grupo usaria armas de fogo.
PERFIL DO CANDIDATO
Eduardo Paes, 50 anos, é Bacharel em direito e ingressou na política como subprefeito da Barra e Jacarepaguá, aos 23 anos, no governo César Maia. Em 1996 foi eleito vereador pelo Partido da Frente Liberal e em1998 foi eleito deputado federal.Três anos depois, ele foi nomeado secretário do Meio Ambiente da cidade do Rio de Janeiro, durante a gestão de Cesar Maia e em 2002 foi reeleito deputado federal. Concorreu ao governo do Rio de Janeiro em 2006, mas perdeu a eleição. Dois anos depois, em 2008, venceu a disputa para a Prefeitura do Rio e, em 2012, foi reeleito no primeiro turno com 64% dos votos.
– Patrimônio declarado: R$478.358,42
Marcelo Crivella (Republicanos)
Seu plano de governo prevê a criação de 100 mil novos empregos diretos com um programa de capacitação de jovens e idosos e investimentos em obras de infraestrutura, mediante convênios com o Governo Federal. Obras de saneamento básico e a despoluição de lagoas e rios são prioridades, assim como a criação do Banco Carioca de Fomento, para oferecer microcrédito a pequenos empreendedores.
Na Saúde pretende aumentar em 50% o número de leitos e UTIs e propõe a criação do programa Saúde Digital, que vai implementar prontuários eletrônicos. Os usuários do sistema municipal de saúde terão acesso a uma plataforma virtual de atendimento. Quer firmar parcerias com o setor privado para que pacientes da rede municipal sejam atendidos em clínicas particulares com pagamento pela tabela do SUS.
Também vai investir na Escola Digital, com mais recursos tecnológicos e a distribuição de notebooks com acesso à internet para todos os alunos e professores ainda no primeiro ano de mandato. A ideia é viabilizar ensino em tempo integral ‘híbrido’, com metade do tempo presencial e o restante remoto e online.
Crivella, como Paes, também aposta na Guarda Municipal para melhorar a segurança no Rio pretende melhorar o treinamento dos guardas, que deverão usar armas letais. Pretende também aumentar o efetivo com egressos das Forças Armadas para trabalharem de forma temporária.
No transporte, planeja direcionar R%$ 150 milhões de valores de impostos recolhidos de grande empresas para a recuperação do BRT. O plano de governo de Crivella dá atenção também ao uso de bicicletas como modal de transporte. A ideia é elaborar um Plano Diretor Cicloviário.
PERFIL DO CANDIDATO
Marcello Crivella é carioca e tem 62 anos. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), é cantor gospel e engenheiro civil.
Foi eleito em 2002 para o senado federal pela primeira vez, pelo antigo PL, atual PR. Foi reeleito em 2010, já pelo PRB, partido que ajudou a fundar. Entre 2012 e 2014 foi ministro da Pesca e Aquicultura no Governo Dilma.
Crivella voltou ao Senado e se licenciou do cargo para concorrer à prefeitura pela terceira vez, após duas derrotas, em 2004 e 2008. Venceu a eleição em 2016, no segundo turno, em disputa com Marcelo Freixo.
– Patrimônio declarado: R$665.634,27
Fotos: Divulgação de campanha