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Um sítio arqueológico na Zona Norte

 

Bateria Militar ou Monte Escada de Jacó foi um forte para combater a invasão francesa no século XVIII

Irajá é um dos bairros mais conhecidos da Zona Norte do Rio de Janeiro e um dos primeiros a ser formado na cidade. Outrora uma das maiores sesmaria do país, o bairro de classe média que possui mais de 100 mil habitantes possui algumas curiosidades, como ter a primeira igreja do Rio (N. Sra. da Apresentação) e também um dos primeiros cemitérios, sendo o de Irajá um dos mais extensos da cidade.

Mas uma outra curiosidade que poucos sabem é que Irajá comporta também um sítio arquelógico: o Bateria Militar. Quem desce na Linha 2 do metrô no bairro, mal imagina que este sítio arquelógico está logo a frente. Ou, talvez, conheça por outro nome – Monte Escada de Jacó – local que é um ponto de encontro conhecido por evangélicos.

A verdade é que este ponto bastante elevado do bairro foi um forte militar bastante importante para a região (que se chamava Fazenda Irajá) entre os séculos XVIII e XIX e mais de 60 objetos destes períodos foram encontrados no lugar, em 2011. Entre os achados, havia faianças portuguesas, balas de mosquete e cerâmicas indígenas, já que Irajá foi ocupada por Tupinambás, que era aliados dos franceses. 

O forte foi construído para combater a invasão francesa no século XVIII, já que a Fazenda Irajá era um dos pontos principais de abastecimento da cidade (tradição que se perpetua até hoje, já que o bairro possui um das maiores Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro, CEASA). Dizem que até a década de 70, a Bateria Militar tinha dois canhões, mas que até hoje não se sabe onde estão.

O sítio foi descoberto por mero acaso, por Cláudio Prado de Mello, diretor presidente do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (Ipharj), em dezembro de 2011. Na época, Cláudio aguardava a liberação de alguns documentos e resolveu passear próximo ao local, enquanto esperava. Foi assim que achou as primeiras peças, sem ao menos precisar escavar o solo.

A descoberta e as 60 peças foram encaminhadas do IPHARJ para o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), juntamente com a documentação necessária descrevendo todo o sítio, para ser reconhecido pelo Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), isso em 2014.

Ainda segundo Cláudio, a área do forte era poligonal e tinha 16 mil metros quadrados de área. Continuou operante até o século XIX, quando a fortificação foi descontinuada. Segundo a prefeitura, a Bateria Militar pertence ao exército e o IPHAN está procurando os dois canhões que sumiram misteriosamente é os dias atuais.

Hoje, como Monte Escada de Jacó, o local é facilmente identificável pelos pinturas e referências a religião cristã. É um ponto de encontro para os fieis e poucas sabem que o local de fato foi palco de um importante capítulo da história da cidade.

É um passeio gratuito para se fazer, basta apenas descer na estação Irajá e fazer a subida. Importante dizer que como o lugar é pouco arborizado, evite ir em dias muito ensolarados ou use bonés/chapéus e protetores solares para passear pelo antigo forte.

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