O Velório de Haroldo Costa acontece nesta segunda-feira (15) no Cemitério do Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeiro. O ator, escritor e intelectual morreu aos 95 anos em decorrência de complicações causadas por pneumonia e infecção urinária. Inicialmente, a despedida estava prevista para ocorrer na quadra da Acadêmicos do Salgueiro, escola pela qual nutria profunda ligação afetiva.
Pouco antes de completar 95 anos, no último dia 13 de maio, Haroldo havia concedido uma extensa entrevista ao pesquisador e músico Pedro Paulo Malta para o projeto Discografia Brasileira, do Instituto Moreira Salles. Ao refletir sobre sua trajetória, comentou com leveza: “Posso garantir que a idade não pesa”.
Trajetória no teatro
Nascido no bairro da Piedade, na Zona Norte do Rio, Haroldo Costa veio ao mundo pouco mais de quatro décadas após a abolição da escravatura. Órfão de mãe ainda criança, viveu em Maceió até os 10 anos, quando retornou ao Rio para morar com o pai, o alfaiate Luís Costa, na Lapa.
Aluno do Colégio Pedro II, envolveu-se cedo com o movimento estudantil e chegou a presidir a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (Ames). O engajamento político e o interesse pelas artes o conduziram ao Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento, experiência decisiva para sua formação artística e consciência social.
Nos palcos, iniciou a carreira nos anos 1940 e, em 1950, fundou o Teatro Folclórico Brasileiro, posteriormente rebatizado como Brasiliana. O grupo realizou apresentações em 25 países da América do Sul e da Europa, difundindo a cultura popular brasileira no exterior.
Em 1956, Haroldo protagonizou “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, espetáculo histórico que marcou o início da parceria entre o poeta e Tom Jobim. Paralelamente, construiu sólida carreira como diretor e produtor em rádio e televisão, atuando desde os teleteatros da TV Tupi, nos anos 1950, até a produção de musicais na TV Globo, a partir de 1965.
Paixão pelo Salgueiro e Carnaval
O Carnaval foi outro eixo central da vida de Haroldo Costa. Frequentador da Mangueira, tornou-se salgueirense após se emocionar com o desfile da escola em 1963, cujo enredo foi “Chica da Silva”. A partir daí, consolidou-se como uma das principais referências do samba, atuando como comentarista e jurado.
Autor de obras fundamentais para o estudo da cultura popular e afro-brasileira, publicou livros como “Salgueiro: Academia de samba”, “Ernesto Nazareth — Pianeiro do Brasil” e “Fala, crioulo!”. Haroldo estava nos ajustes finais de seu oitavo livro e, em 2024, afirmou: “Sou de uma geração criativa, que adora trabalhar”.
Nas redes sociais, a Acadêmicos do Salgueiro destacou Haroldo Costa como um dos grandes “guardiões da nossa história”, ressaltando a importância de seu legado para o Carnaval e para a cultura brasileira.





