A vereadora Thais Ferreira (Psol) registrou ocorrência na polícia após ser alvo de uma série de ataques racistas, misóginos e ameaças de morte nas redes sociais desde a última terça-feira (28). As ofensas começaram depois que a parlamentar fez críticas públicas à megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

O caso foi formalmente registrado na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que informou que já realiza diligências para identificar os autores das mensagens criminosas. Entre as publicações levadas à polícia, estão comentários com discursos de ódio e incitação à violência contra a vereadora.

Em um dos ataques, um usuário da rede social X (antigo Twitter) chegou a chamar Thais de “faccionada” e escreveu que ela “precisa ser torturada e morta”. Em outra mensagem, enviada pelo Facebook, um internauta afirmou: “Todos vocês têm que ser executados, lixo, refugo”.

As mensagens não se limitaram às redes sociais. Segundo a própria vereadora relatou em entrevista ao g1, os ataques também atingiram sua família. “Além de terem desejado que meus filhos fossem exterminados por tiros de fuzil, uma pessoa desconhecida chegou a dizer para um deles, na rua, que ‘o pessoal do Bolsonaro vai matar sua mãe’”, contou Thais, emocionada.

A parlamentar afirmou que sua principal preocupação no momento é com a segurança dos filhos e de sua equipe. “Esses ataques não são apenas discordância política. São tentativas de intimidação, de silenciamento. E refletem o quanto o ódio, o racismo e o machismo ainda estruturam a política e as redes sociais no Brasil”, destacou.

Thais também mencionou o caso da ex-vereadora Marielle Franco, sua colega de partido e referência política, assassinada em 2018. “Não tem como não lembrar do que aconteceu com Marielle. O que vivemos hoje é um alerta sobre como o debate público no Brasil tem sido tomado pelo ódio e pela intolerância”, afirmou.

Esta não é a primeira vez que Thais Ferreira sofre ameaças em razão de seu posicionamento político e atuação na Câmara Municipal. No entanto, ela destacou que a intensidade e a quantidade de ataques recentes foram “descomunais”, especialmente após suas críticas à operação policial que deixou mortos e feridos nas comunidades do Alemão e da Penha.

A vereadora reiterou que seguirá firme em sua atuação, defendendo os direitos humanos, a igualdade racial e a justiça social. “Não vou recuar. A política precisa ser um espaço de representatividade, e o medo não pode calar quem luta por um país mais justo”, completou.

A Polícia Civil reforçou que as investigações estão em andamento e que todos os responsáveis pelas ameaças serão identificados e responsabilizados conforme a lei.