O Norte do Brasil é uma região rica em cultura e tradições, sua culinária reflete a diversidade e a história de seus povos. Entre os sabores que encantam os paladares, o tacacá se destaca como verdadeira herança indígena, uma iguaria que carrega consigo a essência da Amazônia. É feito à base de tucupi, goma de mandioca, camarão seco e jambu, não é apenas um alimento; é um símbolo de união e celebração, que remete às raízes ancestrais e ao convívio comunitário.
Nosso poema, “Barriga Cheia”, convida a uma viagem sensorial, onde o aroma do tucupi e o calor do sol da Amazônia se entrelaçam com as memórias de nossa culinária autêntica. A figura da tacacazeira, com seu sorriso acolhedor e vestimenta típica, nos transporta a uma esquina vibrante, onde o tacacá é mais do que um lanche no fim da tarde: é uma experiência que evoca saudades e prazeres compartilhados.
Sou de lá, sou do Pará, e os convido a conhecer esse estado brasileiro e sua vasta riqueza cultural.
Barriga Cheia
Um sol moleque anuncia o dia
A sombra das mangueiras esconde o calor
Sente-se na esquina o aroma do tucupi
O tacacá ferve nas “tigelas“ indígenas artesanais
A tacacazeira faceira embrulha as panelas
Se veste de chita
Turbante lhe colore a cabeça
Dentes brancos não cabem na boca
cumprimentam a todos
Sorriso maroto, prazer incontido
Papilas salivam
sabor de lamber os beiços
sorvendo e bebendo
A flor do jambu dá um barato forte!
Lábios tremem, meio anestesiados
Mistura indígena ímpar saborosa
temperada com sal e pimenta
Sabor do passado
misto de saudade e lembranças
Barriga cheia, corpo jogado na rede
balançam temperos tradições
Sesta para a vida inteira
Égua mana!
Coisa boa esse tal de tacacá!