A transparência do vidro da janela, nos permite ver a luz de fora entrar. Os vitrais coloridos tingem, em multicor, os interiores das catedrais, igrejas e mesmo algumas casas antigas. O vidro que se faz o espelho, quase invisível está. Canutilhos, missangas e bolotas de vidro, cobrem roupas e fantasias. Rolam no chão as bolas de gude em vidrão, nacaradas, olho de gato, azul cobalto… Algumas até partidas.
Tantas coisas ao nosso redor são compostas deste material. Algumas, passam longe de serem constituídas deles. Mas, atribuímos suas características frágeis e delicadas como fazemos no trato das nossas relações, ações e sentimentos. Quem nunca leu ou ouviu expressões onde se utiliza o vidro ou o cristal para fazer essas comparações? Digo, o vidro. Pois, há cristais mais fortes que os simples de um copo de geleia, até mesmo dos pratos, que em queda repentina, dançam no chão a produzir um som de nos estremecer a pele.
Observei, incontáveis vezes, calado, o som do vidro reverberando. Percebi as ondas de sons penetrantes- como o talho de uma farpa. Compreendi, então que, somos iguais ao vidro. Há aqueles inteirinhos, outros de pequenas lascas, outros de formas variadas mas, inteiros por igual e frágeis por excelência.
Se os olhos vissem este estado vítreo do ser, nós poderíamos observar um superfície quase parecida com a lua: as marcas dos impactos alheios, as camadas partidas do choque… Mesmo que, ainda nos pontos menos riscados: a transparência revela a alma, revela a vida e revela o calor que se move no abissal vítreo da forma visível do nosso ser. É o mesmo que observar a superfície congelada de um lago, onde os peixes e outras formas de vida, resistem ao inverno externo.
Vítreo
Vitrificado, verificado:
Superfícies.
Verificado, vitrificado:
Tato.
Será vítreo a flor?
Será vítreo a cor?
Vidro em vida!
Superfícies, vitrificadas:
Verificado.
Tato, vitrificado:
Verificado.
Vítrea flor,
Vítrea cor.
Vida em vidro.
Superficie,
Vidro,
Tato.
A flor será vítrea,
A cor será vítrea.
Vidro em vida.