A democracia brasileira está diante de um ponto de inflexão. À medida que nos aproximamos das eleições de 2026, cresce a sensação de que não basta votar — é preciso reconstruir. Reconstruir a confiança, a representatividade, a escuta e, sobretudo, o vínculo entre instituições e sociedade. Nesse cenário, o Direito Eleitoral deixa de ser apenas um conjunto de normas técnicas e passa a ocupar o centro do debate sobre o futuro democrático do país.
A reserva de vagas para mulheres nas eleições é um avanço, mas ainda não assegura representatividade real. Muitas candidaturas femininas carecem de apoio, estrutura e financiamento, sendo usadas apenas para cumprir cotas. É essencial que o Direito Eleitoral promova não só o acesso, mas também a permanência e o poder de decisão das mulheres na política.
Apesar da segurança e eficiência das urnas eletrônicas, a desinformação abala a confiança pública. Transparência radical, auditorias e educação são essenciais para fortalecer a credibilidade do sistema eleitoral.
O financiamento eleitoral influencia diretamente a equidade democrática, favorecendo quem tem maior poder de arrecadação. Grupos vulnerabilizados enfrentam barreiras estruturais que limitam sua participação política. É essencial que o Direito Eleitoral assegure distribuição justa de recursos e combata abusos econômicos com rigor.
A crise de confiança nas instituições vem da falta de escuta às vozes sociais e periféricas, frequentemente ignoradas. A escuta precisa ser prática constante, não exceção. Fortalecer conselhos participativos e canais acessíveis é essencial para reconstruir o vínculo entre Estado e sociedade.
A democracia não se sustenta sem cidadania ativa. Fiscalizar, participar, propor, denunciar, dialogar — tudo isso é política. O papel do cidadão vai além do voto: é presença cotidiana. É preciso formar, informar e empoderar. A educação política deve ser prioridade, desde a escola até os espaços comunitários. Porque onde há consciência, há resistência. E onde há resistência, há possibilidade de transformação.
A democracia brasileira está em constante disputa e exige ações concretas, não apenas discursos. O Direito Eleitoral pode ser instrumento de reconstrução, mas precisa estar aliado a práticas que promovam justiça e participação real.
É preciso que cada cidadão se reconheça como parte do processo. Que cada instituição se comprometa com a escuta verdadeira. Que cada candidatura represente, de fato, os interesses coletivos. E que cada voto seja mais do que um gesto — seja um posicionamento ético.
Porque democracia não é estabilidade — é movimento. E 2026 pode ser o ano em que deixamos de apenas reagir e começamos a reconstruir. Com coragem, com presença, com escuta. E com a certeza de que o silêncio institucional custa caro — mas a participação popular vale cada transformação.