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Voz da Justiça: Partidos políticos no Brasil: de onde vieram e para onde vão

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Desde o século XIX, quando liberais e conservadores disputavam ideias no Império sem estrutura formal, os partidos políticos no Brasil têm sido palco e ferramenta das grandes mudanças nacionais. Com a Proclamação da República em 1889, surgiram os primeiros partidos republicanos regionais, moldados por oligarquias e interesses locais. Era o início de uma longa caminhada marcada por avanços, retrocessos e reinvenções.

No século XX, o país viveu intensos ciclos de abertura e repressão. A criação da Justiça Eleitoral em 1932 e o voto secreto foram conquistas fundamentais. Já a ditadura militar (1964–1985) impôs um sistema bipartidário com a ARENA, braço político do regime, e o MDB, única voz institucional de resistência. Com o fim do bipartidarismo em 1979, a ARENA deu origem ao PDS, embrião de partidos como PP e DEM, hoje parte da União Brasil. O MDB virou PMDB e retomou seu nome original em 2017, mantendo influência no chamado centrão. Essas siglas carregam marcas profundas do passado, mesmo em novas roupagens.

A redemocratização e a Constituição de 1988 abriram espaço para a pluralidade partidária. Hoje, o Brasil conta com 29 partidos registrados no TSE, distribuídos entre direita, esquerda e centro. Essa diversidade expressa a complexidade da sociedade brasileira — suas contradições, lutas e esperanças. Entre os partidos de esquerda estão PT, PSOL, PCdoB, PSTU, UP, PCB e REDE; na direita, PL, PP, Republicanos, PATRI, NOVO, entre outros; e no centro, MDB, PSDB, PSD, PSB, PDT, Podemos, Cidadania, Avante, Solidariedade, PROS e PMN. Essa classificação é dinâmica, sujeita a alianças e mudanças internas.

Mas partidos não são apenas estruturas eleitorais. São espaços de representação, formulação de políticas públicas e mediação entre Estado e sociedade. Organizam candidaturas, articulam alianças, propõem leis e ocupam espaços de poder. No entanto, muitos brasileiros sentem que os partidos se afastaram de suas bases. A fragmentação partidária, a falta de identidade programática e a baixa confiança nas instituições geram apatia e descrença.

É urgente resgatar o papel dos partidos como espaços de escuta, formação política e construção coletiva. A legislação exige estatuto registrado no TSE, regras claras, prestação de contas e democracia interna. Devem respeitar cotas de gênero, garantir transparência no uso de recursos públicos e promover renovação. O financiamento é feito por meio do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, ambos públicos, com fiscalização da Justiça Eleitoral. A fidelidade partidária também é regulada, evitando trocas oportunistas de legenda.

Para as eleições de 2026, espera-se que os partidos apresentem propostas claras, conectadas aos desafios reais da população; valorizem a diversidade, promovendo candidaturas de mulheres, negros, indígenas e pessoas com deficiência; combatam a desinformação com campanhas éticas; fortaleçam a democracia interna, ouvindo suas bases; e assumam compromissos públicos com metas e prazos.

Os partidos políticos não pertencem a caciques, empresários ou interesses privados. Pertencem à sociedade. Cabe a nós, cidadãos, exigir coerência, participação e transparência. Cabe aos partidos, reconectar-se com o povo, com a rua, com os sonhos coletivos. 

Em 2026, não votamos apenas em candidatos — votamos em ideias, em trajetórias, em compromissos. Que cada partido seja mais do que uma sigla: seja um projeto de país.

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