Com as eleições de 2026 se aproximando, o Brasil entra num cenário político cada vez mais digital, em que redes sociais, aplicativos e ferramentas de inteligência artificial remodelam a comunicação entre candidatos e eleitores. Embora a tecnologia traga agilidade e alcance, ela também impõe riscos éticos e desafios urgentes à democracia.
As campanhas eleitorais deixaram de ser apenas palanques físicos e jingles na TV. Hoje, elas se desenrolam em feeds, stories e algoritmos. O título “Pixels, Perfis e Poder” sintetiza essa nova arena política, onde a disputa por votos acontece em tempo real, mediada por dados, imagens e interações digitais.
O uso da inteligência artificial cresceu exponencialmente nas campanhas: desde a análise de dados à criação de conteúdos automatizados e personalização de mensagens. Entretanto, surgem preocupações como: (1) Limites éticos na previsão de comportamentos para influenciar votos; (2) Manipulação algorítmica, como deepfakes ou avatares políticos falsos; e, (3) Necessidade de regulamentação para garantir transparência e preservar a liberdade de escolha dos eleitores.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) propõe regras mais rígidas para uso de IA, exigindo identificação explícita de ferramentas automatizadas e proibindo simulações enganosas de vozes ou imagens.
Já o fenômeno das fake news — muitas vezes utilizado como estratégia para manipular o debate público — ameaça seriamente o processo eleitoral. As campanhas que exploram esse recurso: (a) Produzem conteúdo sensacionalista; (b) Operam com robôs e perfis falsos; (c) Promovem discurso de ódio contra grupos vulneráveis; e, (d) Criam “câmaras de eco” que bloqueiam o acesso a informações confiáveis.
A responsabilização legal inclui candidatos, assessores e empresas que operam disparos em massa ou impulsionamentos irregulares.
Nas eleições anteriores, ações como envio massivo de mensagens via aplicativos e redes coordenadas de perfis falsos alteraram a percepção pública. Em resposta: (i) O TSE firmou parcerias com plataformas digitais para identificar irregularidades; (ii) Tecnologias foram adotadas para rastrear IPs e cruzar dados; e, (iii) Campanhas ligadas a perfis falsos estão sujeitas a cassações e penalizações.
Contudo, a fiscalização encontra obstáculos — o volume da internet supera o tempo dos processos jurídicos, exigindo reformas legislativas e maior vigilância social.
O novo território das campanhas eleitorais exige uma cidadania digital ativa, crítica e informada. É preciso repensar o papel das plataformas, fortalecer a educação midiática e garantir que o poder dos pixels e perfis não se sobreponha ao poder do voto consciente.
Garantir campanhas digitais éticas é essencial para que o voto seja fruto de escolhas conscientes e embasadas. A democracia depende não apenas da urna, mas da integridade da informação que antecede o voto.
Logo, cada clique carrega uma escolha. E toda escolha merece verdade.