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Witzel nomeia secretário exonerado da Saúde para novo cargo

Em edição extra do Diário Oficial do Estado, o governador Wilson Witzel (PSC) nomeou ontem (18) o ex-secretário de saúde Edmar Santos para o cargo de Secretário Extraordinário de Acompanhamento das Ações Governamentais Integradas da covid-19. Edmar havia sido exonerado um dia antes, no domingo (17), da Secretaria da Saúde “por falhas na gestão de infraestrutura dos hospitais de campanha para atender as vítimas da covid-19”, segundo o próprio governador.

Edmar Santos era titular da Secretaria quando ela foi alvo, na semana passada, de investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). A “Operação Favorito” investiga o empresário Mário Peixoto, fornecedor de mão de obra terceirizada nas gestões do ex-governador Sérgio Cabral (MDB), atualmente preso em Bangu 8, e de Witzel, que renovou contratos com o empresário apesar de recomendações técnicas contrárias.

A queda de Edmar veio dias depois da prisão do ex-subsecretário estadual de Saúde Gabriell Neves e de outros integrantes da secretaria, no último dia 7, por suspeita de fraude na compra de respiradores para o combate à covid-19, com pagamento de propinas. Neves estava à frente dos contratos e a investigação aponta que os desvios podem ter retirado aproximadamente R$ 700 milhões dos cofres públicos para o grupo de Mário Peixoto. Em entrevista à Veja, o ex-subsecretário disse que Edmar autorizou todos os acordos emergenciais da secretaria.

As ações de Gabriell Neves dentro da Secretaria de Saúde incluíram também a assinatura de um contrato de quase R$ 900 milhões do governo estadual com a organização social de saúde (OSS) Labas para a implementação de 1.400 leitos em sete hospitais de campanha, segundo levantamento feito pelo blog do jornalista Ruben Berta. O processo foi feito sem seleção pública e sem divulgação no Diário Oficial. Alguns desses hospitais com leitos emergenciais para tratamento da covid-19 ainda não foram entregues, desrespeitando o prazo dos contratos, como é o caso da unidade de São Gonçalo, na região metropolitana, que teve a inauguração adiada no domingo (17).

O avanço das investigações mostra que outros secretários de Witzel podem deixar o governo. Como a influência de Mário Peixoto ia além da área da Saúde, a força-tarefa também encontrou irregularidades na Fundação de Apoio á Escola Técnica (Faetec) e na Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância (Cecierj). Há suspeitas de acordos obscuros também no Departamento de Trânsito (Detran-RJ). Estão na mira das investigações os secretários Lucas Tristão (Desenvolvimento Econômico), Leonardo Rodrigues (Ciência e Tecnologia) e Pedro Fernandes (Educação). Tristão, em particular, é apontado como amigo muito próximo do empresário.

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