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Negritude, resistência e reverência nos desfiles do Grupo Especial

Foto: Divulgação

Homenagens, enredos com temática afro, despedidas e muita emoção no Desfile do Grupo Especial

O desfile das escolas do Grupo Especial esse ano foi marcado pela mudança do desfile em três dias, com quatro escolas desfilando. A ideia foi para que todas pudessem desfilar no escuro, para evitar injustiças na hora da avaliação dos jurados por conta da luz do dia.
No primeiro dia, Imperatriz Leopoldinense e Viradouro foram o destaque.
A Unidos de Padre Miguel, que retornava ao Grupo Especial após 52 anos, fez um bom desfile, assim como a Estação Primeira de Mangueira. Todas as escolas deste primeiro dia tinham enredos com temática afro.
O presidente da Unidos de Padre Miguel, Lenílson Leal estava emocionado com o retorno.
“A gente não vai decepcionar as coirmãs que vieram primeiro e queremos quebrar o paradigma de sobe e desce. Não vai existir isso “, disse
A ministra da Igualdade Racial Anielle Franco desfilou pela primeira vez na escola.
“Quando eu recebi o convite foi prontamente aceito, justamente por falar de intolerância religiosa que tem tudo a ver com nosso ministério. Uma pauta também abordada por outras escolas e é uma honra estar aqui”.
O enredo ”Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón”, da Imperatriz Leopoldinense foi apresentado ao público com facilidade de entendimento e o samba tinha uma letra muito clara e com boa melodia, o que levou a escola a cantar com empolgação. Eles também ressaltaram a beleza da comissão de frente, a atuação do intérprete Pitty de Menezes e a bateria.
Campeã do carnaval passado, a Unidos do Viradouro trouxe o enredo “Malunguinho: o Mensageiro de Três Mundos”, a escola se aprofundou na história do afro-indígena que liderou o Quilombo do Catucá no início dos anos 1800. Muito elogiado desde a escolha, o samba-enredo funcionou perfeitamente com Wander Pires e caiu na boca do povo.
O presidente da escola Hélio Nunes disse que escola apostou no tema e na animação da comunidade.
“História forte, fantasias bonitas e animação trarão o bicampeonato. Estou confiante”.
Uma das escolas mais tradicionais do Carnaval do Rio, a Mangueira trouxe para a Sapucaí um enredo sobre o povo bantu, principal grupo étnico oriundo da África, que foi escravizado no Brasil. A Comissão de Frente foi o principal destaque da agremiação que teve alguns problemas nas alegorias.
No segundo dia, as duas primeiras escolas foram Unidos da Tijuca e Beija-Flor.
A comissão de frente da Unidos da Tijuca promoveu uma transformação na avenida. A escola trouxe um bailarino das Filipinas para encenar o momento impactante.
“O Logun-Edé se desforma, ele sai de matéria e vira espírito”, contou Bruna Lopes, coreógrafa da Comissão de Frente da Unidos da Tijuca.
O dançarino Diego, da comissão de frente, falou sobre a sensação de estar na avenida.
“Um sentimento único. Falar de transformação e voltar depois de 10 anos. Tá sendo muito especial”.
A escola desfilou sem rainha da bateria em homenagem a Lexa, que não pode desfilar por estar em repouso após a perda de uma gravidez de seis meses.
A Beija-Flor homenageou Luiz Fernando Carmo, o Laila, que morreu em junho de 2021. Muitos componentes da escola foram descoberta do mestre e prestaram emocionados a homenagem. Também foi a despedida de Neguinho da Beija-Flor, o que levou escola e plateia as lágrimas.

Noiva de Gabriel David, presidente da Liesa, a atriz Giovanna Lancelotti representava a chama de Xangô.

“Essa é uma avenida que respeito muito. E estou representando as cores de Xangô e Iansã, que eram santos de Laíla e é uma alegria estar vestida com elas”.
Luiz Claudio, filho de Laila, se orgulha do legado deixado pelo pai.
“A emoção é completa porque vivi isso aqui durante muitos anos como braco direito dele. E a homenagem da escola e comunidade é uma coisa linda. Emoção e garra não vão faltar”.

Continua matéria sobre o desfile do Grupo especial das duas últimas escolas do segundo dia e do terceiro e último

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