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Deleite Linguístico: Tradição precisa caminhar com as reformas ortográficas

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Magnífico. Estupendo. Ímpar. Esses e muitos outros adjetivos seriam empregados para caracterizar o espetáculo a que assisti no dia 29 de julho no Theatro Municipal do Rio. O jovem, paulistano e premiadíssimo regente José Soares conduziu com maestria a Orquestra Sinfônica Brasileira, que comemora 85 anos nesta temporada de 2025. A obra apresentada ao público presente e atento às notas musicais compassadas dos violinos, violas, violoncelos, contrabaixos, flautas, oboés, clarinetes, fagotes, trompas, trompetes, trombones, tímpanos, tuba e percussão foi composta pela compositora romântica alemã Emilie Mayer (1812-1883). Em homenagem ao legado deixado por  Mayer, que viveu em uma época em que as mulheres mal tinham espaço na cena musical europeia, a Orquestra Sinfônica Brasileira valoriza a inventividade feminina, presenteando todos nós com emocionantes melodias que me fizeram sentir o corpo arrepiar a cada nota ouvida. No intervalo, contudo, deparei-me com uma plaquinha de sinalização na qual havia escrito o seguinte: “platéia/ frisa”. Foi o suficiente para eu vestir minha capa de protetora da língua portuguesa e de suas mudanças e solicitar que minha amiga registrasse o descompasso com a obra do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Em virtude dessa ausência de cadência, explicito que, –  com o Acordo Ortográfico, assinado em 16 de dezembro de 1990 e obrigatório a partir de janeiro de 2016, – os ditongos decrescentes abertos (éi/ói) que formarem a sílaba tônica em palavras paroxítonas não recebem, sobre a vogal tônica, acento agudo. Sendo assim, antes do acordo, escrevíamos “platéia/ jibóia/idéia/ jóia); mas atualmente a Base IX do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa orienta que essas mesmas palavras são grafadas sem o acento agudo “plateia/jiboia/ideia/ joia”.

Peço encarecidamente que vocês, meus caros leitores, lembrem -se de que nada mudou nas palavras em que o ditongo aberto se encontra em posição que não seja de paroxítona. Logo escrevemos “pastéis/ herói/ chapéu/ fiéis/lençóis/céu”.

Espero ter ajudado a todos que lerem este texto e que eu possa ter contribuído para que o Theatro Municipal do Rio de Janeiro faça as devidas alterações que se fazem necessárias.

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