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Opinião: Arthur Antunes Coimbra

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As pessoas que nasceram nos anos 50, 60, e 70, e que escolheram as cores vermelho e preto, que simboliza o maior time do Brasil, em termos de torcedores, o Flamengo, podem se considerar um privilegiados.

Nos anos 50, os “Anos Dourados” foram conhecidos como a época das transições. Juscelino Kubitschek, presidente,  construção em 41 meses da cidade de Brasília. Abertura do país as multinacionais, facilitando a entrada de capital estrangeiro. Petrobras criada. A indústria viveu um crescimento considerável na época.

Os anos 60, foram marcados pela implantação do regime militar com os militares assumindo o poder governando o país e implantando uma terrível ditadura censurando, torturando e assassinando opositores do regime, dando início ao chamado “Anos de Chumbo”, época de grande repressão da ditadura que perdurou até 1980.

Os anos 70, ficaram marcados pelo aprofundamento da ditadura; o Brasil tricampeão mundial no México conquistando definitivamente a Taça Jules Rimet ; e início da abertura política com  fim da ditadura militar.

Nos anos 80, tentativas de reformas monetárias e vários planos econômicos foram adotados: Plano Cruzado, Bresser, Verão e a hiperinflação; Movimento “ Diretas Já”, eleições para presidente; Tancredo Neves presidente eleito de forma indireta e morre antes de assumir o cargo. Assume o vice-presidente José Sarney. Fim da Ditadura Militar; 5 de outubro de 1988 promulgada a Constituição Cidadã Brasileira.

Durante essas três décadas formou-se um cidadão que representou a esperança de milhares de brasileiros, de dias melhores, de alegria, perseverança, trazendo a alegria, amenizando a dor causada pela fome e pela miséria. Um cidadão que levantava multidões de todas as raças e cores, de todas as classes sociais, principalmente aqueles mais necessitados que, em centenas de vezes, deixou de comprar um quilo de arroz ou de feijão para ir ao maior estádio do mundo, na época, o Maracanã vê-lo jogar.

O “Maraca”, palco de grandes emoções, que em determinados jogos do Flamengo, comportava mais de 100 mil torcedores. Tempo em que milhares de torcedores acompanhavam pelo radinho de pilha, nas vozes dos locutores, os grandes lances e os gols do seu ídolo máximo. Não podemos deixar de registrar os “geraldinos”, apelido dado aos torcedores mais humildes frequentadores da geral, aquele poço em volta do gramado que só dava para ver os jogadores da cintura pra cima. Era emoção raiz. Estavam ali, aqueles que sofriam diariamente para vencer as batalhas e levar pra casa o “pão nosso de cada dia”.

O Maraca, em particular a geral (onde se assistia os jogos de pé), era o espaço mais democrático do estádio, pois se assistiam aos jogos ombro a ombro com o torcedor do time adversário. Vez ou outra o “pau quebrava”, mas se resolvia ali mesmo, sem grandes consequências.

Assistir ou ouvir seu ídolo jogar, eram momentos que curavam o fim das dores muscular, da dor do amor que se foi, do filho que chora de fome, dos descasos e omissões dos governantes, da violência urbana, das filas dos hospitais, da falta de merenda escolar, das incertezas de um mundo melhor.

Não era nenhum sacrifício enfrentar os trens da Central vindo dos subúrbios abarrotados de “geraldinos” que eram literalmente despejados na estação de São Cristóvão. Era só alegria e prazer de ver ao vivo seu ídolo jogar e ter a certeza de um retorno vitorioso.

Era muita emoção que explodia dentro do peito. O ídolo era Flamengo, o Flamengo era o ídolo, os dois eram um só. Melhor dizendo, o ídolo é o Flamengo e o Flamengo é o ídolo.

Arthur Antunes Coimbra – simplesmente ZICO

Gratidão

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