Sucesso na música romântica e uma atuação polêmica na política, Agnaldo Timóteo foi uma das figuras mais marcantes da cultura brasileiraNasce uma inspiração para a música brasileira Nascido em 16 de outubro de 1936, Agnaldo Timóteo Pereira veio do interior de Caratinga, Minas Gerais. De uma família pobre, com um pai mecânico e uma mãe dona de casa, começou a trabalhar ainda na infância. Seu talento musical surgiu cedo, cantando em rádios locais e pequenos concursos. Aos 16 anos, se mudou para Governador Valadares, onde exerceu a profissão de torneiro-mecânico. Em busca de novas oportunidades, Agnaldo se mudou nos anos 1950 para o Rio de Janeiro, onde conheceu Roberto Carlos. Chegou a trabalhar como motorista da cantora Ângela Maria, quem considerava um ídolo e que mais tarde se tornou sua madrinha artística. Ângela inspirou e impulsionou o desejo dele de cantar profissionalmente.Seu primeiro grande sucesso veio nos anos 1960 com a música “Meu Grito”, composta por Roberto e Erasmo Carlos, que revelou ao Brasil sua voz. A partir dali, Agnaldo não parou mais, lançou dezenas de discos, vendeu milhões de cópias e se consolidou como um dos maiores nomes da música popular romântica.Ele conquistou o público com canções que falavam de amor, saudade, sofrimento e devoção. Um de seus maiores sucessos, “Mamãe”, virou um hino às mães e foi regravado inúmeras vezes. Outros grandes sucessos incluem “Ave-Maria”, “A Galeria do Amor”, “Os Verdes Campos de Minha Terra” e “Verdes Lábios”. Ao longo da carreira, gravou mais de 50 álbuns em diversos gêneros como samba-canção, bolero, música sertaneja e até temas religiosos. Um canto na política Nos anos 1980, Agnaldo surpreendeu ao entrar para a política. Foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro em 1982, pelo PDT de Leonel Brizola. Mais tarde, migrou para o PDS (atual PP) e chegou a disputar eleições para prefeito e vereador. Ao todo, teve três mandatos parlamentares.Defendia pautas populares, como a valorização dos idosos e dos trabalhadores, e era conhecido por discursos inflamados, posicionamentos firmes. Ele também foi um dos poucos artistas a declarar apoio aberto ao ex-presidente Fernando Collor de Mello na época do impeachment, o que gerou críticas da classe artística e afetou sua popularidade por um período.Aos 84 anos, Agnaldo Timóteo faleceu em 3 de abril de 2021, vítima de complicações da Covid-19, no Rio de Janeiro. Ele havia sido internado no fim de março e chegou a apresentar melhoras, mas teve uma piora súbita.Agnaldo deixa um legado de quem não teve medo de ser quem era, enfrentando o preconceito e as críticas.



