A inteligência artificial, especialmente em sua forma generativa, está reformulando os modos de produzir conhecimento, interagir com dados e tomar decisões. Mas, para além da eficiência tecnológica, acredito que a verdadeira potência da IA, quando integrada ao universo das cooperativas, está na sua capacidade de reforçar e expandir os próprios princípios cooperativistas: transparência, participação democrática, intercooperação e autonomia.

A IA pode ajudar cooperativas a traduzir dados complexos em relatórios acessíveis, a automatizar tarefas repetitivas e a criar canais de comunicação mais próximos e responsivos. No setor de crédito, por exemplo, Agentes de IA podem atender cooperados 24/7, enquanto algoritmos tradicionais ajudam a prevenir fraudes e a oferecer crédito de forma mais inclusiva. No agro, a IA contribui com simulações de plantio, previsão climática e otimização de recursos naturais. Na saúde, fortalece diagnósticos, gera dados sintéticos para pesquisa sem comprometer a privacidade e automatiza registros clínicos.

Mas a inovação, sozinha, não basta. O uso da IA precisa ser guiado por governança ética e participação ativa dos cooperados. Isso significa adotar comitês multidisciplinares, auditar algoritmos para evitar reprodução de vieses e garantir que os dados usados — e os resultados gerados — estejam alinhados com os interesses da comunidade. A tecnologia deve ser uma aliada do humano, e não sua substituta. 

Por fim, um ponto importante: a inclusão digital. É preciso garantir que todos os cooperados possam usufruir dos benefícios da IA, mesmo os que ainda têm pouca familiaridade com tecnologia. Isso passa por conectividade, interfaces acessíveis, formação continuada e atenção às desigualdades.

Se usada com responsabilidade, a IA pode ser uma alavanca não só de inovação, mas de fortalecimento dos laços cooperativos, geração de valor coletivo e construção de um futuro mais justo e colaborativo.