Entre tendas e mares, a história de Zebulom revela princípios de adaptação, trabalho e propósito que dialogam diretamente com os desafios do mundo atual.
Zebulom foi o décimo filho de Jacó e o sexto de Lia, nascido em um contexto de disputas familiares, expectativas e promessas divinas. Seu nome está associado à ideia de “habitação” e “honra”, e sua trajetória, embora menos destacada do que a de outros irmãos, carrega um significado profundo para a compreensão dos tempos de transição — tanto no passado bíblico quanto na realidade contemporânea.
Na bênção profética pronunciada por Jacó antes de sua morte, Zebulom é descrito como aquele que “habitará junto ao mar” e será “porto para navios” (Gn 49,13). Mais do que uma referência geográfica, essa palavra aponta para movimento, comércio, conexões e abertura para o novo. Zebulom não foi chamado para permanecer isolado, mas para se posicionar em lugares estratégicos, onde pessoas, culturas e ideias se encontram.
Nos dias atuais, essa imagem ganha uma força simbólica ainda maior. Vivemos em um mundo marcado pela velocidade das informações, pela globalização e pela constante necessidade de adaptação. Assim como Zebulom, somos desafiados a ocupar “portos” — espaços de diálogo, trabalho, serviço e influência — onde podemos ser pontes entre realidades distintas. Em vez do medo das mudanças, a história de Zebulom nos convida a enxergar oportunidades em meio às transformações.
Zebulom também representa aqueles que sustentam a vida coletiva. Em Deuteronômio 33:18, Moisés declara: “Alegra-te, Zebulom, nas tuas saídas”. Essa alegria no ir e vir fala de disposição para trabalhar, empreender e contribuir. Em um tempo em que muitos se sentem cansados, desmotivados ou sem direção, Zebulom simboliza a importância de encontrar propósito no cotidiano e compreender que cada saída pode carregar uma missão.
Além disso, sua herança nos lembra que nem todos são chamados para o centro do palco, mas todos têm um papel essencial no plano maior. Zebulom não foi rei, profeta ou juiz, mas foi parte fundamental da construção do povo de Israel. Hoje, em uma sociedade que valoriza excessivamente a visibilidade, sua história ensina que relevância não está apenas em ser visto, mas em ser fiel ao lugar que Deus confiou.
Assim, Zebulom ecoa como um chamado para os nossos dias: avançar sem perder os valores, conectar sem diluir a identidade e trabalhar com esperança, mesmo em tempos incertos. Sua vida aponta para uma fé que se move, que serve e que transforma, lembrando que os portos mais importantes não são apenas geográficos, mas espirituais e humanos.





