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O caos nosso de todos os dias

Por Sandro Barros

Situações ruins acontecem a qualquer um e a qualquer momento. Mas quando elas se repetem, tornando-se crônicas, já podemos dizer que a vida está um caos. É dessa forma que se encontram o estado e a cidade do Rio de Janeiro, onde a cada dia ‘explode uma bomba’, revoltando ou envergonhado sua população. Enfim, o caos nosso de todos os dias.

Seja por incompetência administrativa, despreparo político dos governantes ou mesmo má-fé dos políticos, vamos colecionando tristes episódios em várias áreas da vida pública. Cada um deles é um atentando à esperança de um Rio melhor. E a sua população, antes orgulhosa de dizer que aqui era o melhor lugar do Brasil para se viver, hoje anda cabisbaixa e receosa.

A grave crise financeira do país, é verdade, impacta diretamente o cotidiano do povo fluminense e carioca. Na terra dos “encantos mil”, falências e desemprego andam lado a lado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio registra 1,7 milhão de trabalhadores desempregados ou na informalidade. Isso significa que quase 10% da população do estado está desamparada, buscando sobreviver em tempos tão difíceis.

Ao longo do último período passamos a acompanhar escândalos e mais escândalos de corrupção. O então imponente Palácio Guanabara, sede do governo estadual, transformou-se em um abrigo de quadrilhas, dentre elas a capitaneada pelo ex-governador Sérgio Cabral. O caminho dos corruptos e corruptores também desembocou no Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa, a mesma que recentemente mandou soltar alguns dos seus investigados pela Operação Furna da Onça. Apesar de vários políticos permaneceram presos, a impunidade persiste e o dinheiro público que deveria estar sendo utilizado em escolas e hospitais, por exemplo, segue ainda para contas em paraísos fiscais.

E a violência, hein? Essa, que tira vidas e afugenta empresas e turistas, ainda é um dos maiores pesadelos da população. Desde uma carteira roubada até uma bala perdida, multiplicam-se os casos, apesar do governador dizer que a situação está melhor. Com certeza ele não anda nas ruas e não vive nas comunidades, onde seus moradores são aterrorizados pelo tráfico e também durante  incursões da Polícia.

Realmente, são dias difíceis. Mas, apesar de hoje isso parecer não ser possível, seguimos acreditamos que ainda podemos sonhar com dias melhores. Um dia em que sorrisos voltem aos nossos rostos e nosso orgulho esteja restabelecido. Mas, até lá, temos muito o que cobrar dos governantes!

Alguns episódios lamentáveis no Rio em 2019!

Pesadelo da violência sem fim
A política de Segurança Pública do governador Wilson Witzel não tem conseguido reduzir o alto índice de criminalidade. Sem um projeto para atuar no campo social, o Poder Executivo aposta quase que exclusivamente no confronto armado nas comunidades, aumentando a letalidade policial. Na prática, o resultado é que inocentes são mortos enquanto o tráfico segue intacto.

Pedágio da Linha Amarela
Apesar do estardalhaço do prefeito Crivella, com direito à destruição das cancelas no final outubro, para suspender a cobrança do pedágio, ele retornou por determinação da Justiça. Na disputa para saber se a cobrança é constitucional ou não, os mais interessados são os motoristas, que pagam pedágio no valor de R$ 7,50 por sentido.

Rio de Janeiro – A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprova as contas do governo de Luiz Fernando Pezão, referentes ao ano de 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Alerj solta suspeitos de corrupção
Em 22 de outubro, por 39 votos contra 25 e uma abstenção, a sessão da Assembleia Legislativa aprovou a libertação dos seus cinco deputados presos na operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava Jato. A operação investiga um suposto esquema que teria movimentado R$ 54,5 milhões em propinas entre 2011 e 2014.

Fechamento da Avenida Niemeyer
Por determinação da Justiça, a avenida está fechada desde maio. Apesar das obras da Prefeitura, Os peritos designados pela Justiça avaliam que ainda há condições de reabri-la. Seguem os transtornos para quem depende do seu acesso: por dia, circulavam em média 36 mil veículos pela via.

 

Desemprego segue em alta
Segundo o IBGE, o índice de desemprego no estado do Rio de Janeiro no segundo trimestre deste ano é pior do que o do Nordeste. O mercado de trabalho está estagnado e a economia descendo a ladeira, fazendo com que 1,7 milhão de pessoas estejam desempregados ou buscando sobreviver no trabalho informal.

Enchentes que matam
No início do ano, temporais provocaram deslizamento de terra, deixando sete pessoas mortas na cidade do Rio e centenas de desabrigados. O prefeito Marcelo Crivella foi denunciado por não investir na prevenção e, agora, a Prefeitura é investigada pela Câmara dos Vereadores por formação de cartel na realização de obras emergenciais.

Caso Queiroz: sem investigação  
Em outubro,o ministro do STF Gilmar Mendes suspendeu todas as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) relacionadas ao caso Fabrício Queiroz. O filho do presidente alegou que as apurações contra ele prosseguiram no Rio de Janeiro, mesmo após determinação em contrário do presidente do Supremo, Dias Toffoli.

Presidente e governador no ringue
Após reportagem da TV Globo associar o presidente da República a um suposto envolvimento com milicianos que assassinaram a vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, posteriormente desmentida pela própria emissora, Bolsonaro acusou o governador do Rio de ser o responsável pelo que, segundo ele, é falsa informação. Logo após houve uma troca de ofensas.

Fotos: Agência Brasil, Prefeitura do Rio e reproduções

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