Por Franciane Miranda
Toda criança merece crescer em um ambiente tranquilo e seguro, mas tragicamente esta não é a realidade vivida por muitos pequenos. Durante a quarentena, o número de casos de jovens vítimas de violência doméstica cresceu 160%, de acordo com o levantamento feito pelo Instituto é Possível Sonhar. A instituição conta com 70 voluntários com várias especialidades, que se dedicam a atender crianças e adolescentes por meio de apoio médico e psicológico.
Segundo a psicóloga Daniela Generoso, presidente do instituto e especialista em educação infantil, antes da quarentena recebia semanalmente cerca de três a cinco casos. Mas agora os dados são ainda mais preocupantes. “Somente na primeira semana de maio recebemos 74 novos casos de crianças e adolescentes que sofreram violência dentro de casa”, detalha Daniela, que também alerta sobre esse aumento não cessar.
Para Daniela, este crescimento significativo deve-se ao longo tempo em que as vítimas estão passando com os agressores, além de que outros fatores também influenciam as agressões. “Mas, agora, com confinamento, a crise financeira e/ou o uso abusivo de drogas e bebida, os agressores estão partindo pesado para a violência física ou sexual”, esclarece a profissional chamando atenção para outros motivos. “No caso dos menores, os cuidadores dessas crianças estão frustrados emocionalmente, financeiramente ou estão sem paciência para lidar com os filhos”, afirma.
Agressão e medo
A naturalização da violência entre o casal também pode está associado ao aumento dos casos. “Se dá pelo fato de algumas mulheres, que já são vítimas de agressão verbal e tortura psicológica, aceitarem o tratamento abusivo por acreditarem que isso só acontece porque o parceiro é grosseiro”. Infelizmente, nos lares de várias famílias, a realidade é mais complexa e o medo de sofrer represália, de não ter para onde ir ou como se proteger acaba impedindo-as de denunciarem.
A psicóloga pede que todos fiquem atentos aos sinais de violência e ao comportamento das crianças. “Deixa de falar com a mãe ou o pai, diminui o contato, muda o comportamento, aparece com manchas no corpo, mostra um estado abatido e depressivo”. Daniela diz que ao identificar algum tipo de violência contra os filhos, é fundamental ter cópias dos documentos mais importantes e uma muda de roupa, caso precise de uma eventual fuga de emergência. “Antes de denunciar, é preciso estar em segurança”, sugere, passando outra dica sobre estabelecer um contato de confiança e apoio que o ajude.
Daniela finaliza passando números de órgãos competentes que recebem as denúncias. “Com o disque 100 busque apoio da Defensoria Pública e procure instituições que trabalham com a violência doméstica e infantil”, finaliza.
Instituto é Possível Sonhar
Rua dos Rubis, 144, sala 315, Rocha Miranda
Tels. (21) 98773-1916 ou 98621-5069