Por Franciane Miranda
A corrente de solidariedade se multiplica mundo afora com dezenas de iniciativas para ajudar o próximo. Movimentos da sociedade civil, ONGs ou ações individuais, não faltam formas para colaborar durante a pandemia. Grandes e pequenas empresas abraçaram causas sociais e seguem apoiando os mais necessitados. Todas estas iniciativas somadas à esperança de dias melhores indicam que vamos conseguir superar esta fase e sairmos dela mais humanos. É esse espírito positivo que precisamos manter. Não apenas durante a pandemia, mas sempre!
A solidariedade está fazendo a diferença na sociedade. E em muitas comunidades carentes do Rio de Janeiro têm auxiliado dezenas de cariocas neste momento delicado que passamos. Uma destas iniciativas começou na Rocinha, em São Conrado, com o Corrente do Bem Rocinha, e no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, com o Educação na Quarentena. Dois projetos com ideias diferentes, mas unidos por um só ideal: levar ajuda e esperança à população.
São iniciativas como estas que transformam o mundo. Colabore!
O coletivo do Corrente do Bem Rocinha
A produtora Juliana Cristina Gonçalves da Conceição conhece a Rocinha de perto. Ela, que há 36 anos mora na comunidade, explica que o projeto Corrente do Bem Rocinha surgiu em um grupo de aplicativo de mensagem. “Uma amiga me convidou e comecei a participar mais efetivamente na segunda campanha”. No começo a iniciativa arrecadava kits de higiene e limpeza, mas cresceu e começaram a montar cestas básicas.
As ações dos jovens, aliada à tecnologia, vêm transformando a vida de muitos moradores, cada vez mais engajados com as causas sociais. “Somos um grupo de amigos, todos voluntariados e dispostos somente a fazer o bem”, diz Juliana. Ela explica que são sete liderando o projeto, mas são cerca de 25 pessoas que compõe a iniciativa. “Cada um tem importância, somos um grupo”, define Juliana sobre o quanto o trabalho de todos é fundamental.
Desde que começaram já fizeram três campanhas. A primeira foi via aplicativo e outras duas foram mais divulgadas nas redes sociais. A própria Juliana passa nos dá mais informações sobre a quantidade de cestas básicas arrecadadas. “Na segunda campanha, em abril, foram 507. Agora, em maio, foram 609”. Seis toneladas de alimentos foram arrecadadas e a doação é entregue a qualquer família que esteja precisando. “Sem trabalho, desempregado, passando dificuldades, estamos acolhendo todos os moradores possíveis, todas as classes”, avisa Juliana, relatando que as pessoas entram em contato pedindo ajuda através dos amigos, indicações e mídias.
Novos objetivos e projetos
A equipe segue animada e com muitos planos para a comunidade após passar a pandemia. “A ideia inicial do grupo era uma e acabou despertando uma vontade maior e, além de ajudar a Rocinha, vamos continuar com outros e novos objetivos e projetos”. Eles já recebem ajuda de alguns parceiros, mas estão buscando outros apoiadores que possam contribuir com a causa solidária.
Juliana fala o quanto o coletivo faz uma diferença enorme e qualquer atitude, por mais simples que seja, é bem-vinda. “A importância de cada um fazer a sua parte, de termos consciência que se unirmos e olharmos para o próximo, com amor e solidariedade, todos nós vamos passar por essa pandemia mais fortes”.
Juliana finaliza deixando o contato para quem quiser abraçar esta causa nobre. Depósitos podem ser feitos no banco Itaú (agência 7255, conta poupança 112547 97953-3558). Você pode encaminhar o comprovante e acompanhar de perto o trabalho dos jovens em @correntedobemrocinha.
Solidariedade do Educação na Quarentena
O conhecimento é uma luz que nos liberta. E só através dele podemos enxergar um caminho claro, que nos leva para um futuro melhor. A quarentena afastou das salas de aulas milhares de alunos ao redor mundo, mudou a rotina de muitos jovens e levantou uma questão importante para refletirmos: o quanto estas mudanças afetaram a Educação? Esta difícil realidade impactou bastante, e de forma negativa, os alunos da rede pública municipal, sobretudo as crianças mais carentes que moram em comunidades.
A agente de cidadania que atua no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, Janice Delfim, percebeu o quanto essa crise afetou os alunos e decidiu fazer algo para mudar este cenário. Desenvolveu então o projeto Educação na Quarentena para apoiar jovens da favela. Ela conta que a ideia surgiu porque mora com o seu sobrinho e acompanha de perto sua rotina de estudos.
Nas primeiras semanas viu que as escolas estavam enviando bastante material para os estudantes. “Foi pensando nas condições que a Secretaria Municipal de Educação do Rio deu como opção para as crianças o estudo em casa. Eles mandam um link toda semana com uma apostila onde a criança tem que imprimir e dentro deste link tem as aulas online”, detalha.
A moradora diz que achou estranho muitas crianças estarem pelas ruas se havia tanto conteúdo para elas aprenderem e buscou entender o que estava acontecendo. Viu então que muitas delas, desta e outras favelas, não têm condições financeiras para ter um computador, internet, celular ou uma impressora para ajudá-los a fazerem as atividades enviadas. Comovida com a situação, começou a imprimir as apostilas. E, para incentivar os pequenos, doa lanches, que faz toda diferença. Ela conta com a ajuda financeira de amigos e parceiros para realizar o projeto e conseguir entregar toda segunda-feira o material didático e o brinde. E estão conseguindo, ainda que nas últimas semanas não tenham recebido muitas doações.
Realidade bem diferente
Janice sempre reforça para os garotos separarem umas horas do seu dia para estudar e comer o lanchinho após, como se estivessem na escola, além de aconselhá-los para que fiquem em casa. O lanche é um incentivo enorme, uma vez que as crianças só conseguem ter por um período. “Só tem contato com um biscoito ou um Danone no início do mês, quando o pai recebe, quando sai o Bolsa Família, e depois não tem mais”. A equipe do projeto também analisa as tarefas feitas pela criançada sempre que trocam as apostilhas. São 287 crianças apadrinhadas pela iniciativa, da pré-escola ao nono ano.
Janice também chama a atenção para um problema sério que estes alunos estão passando. “Quando a quarentena passar, nós pretendemos montar uma escola de reforço na comunidade, porque é extremante necessário, já que as crianças estão com um déficit de aprendizagem muito grande”. Mantê-los interessados nos estudos é essencial, destaca Janice, falando também sobre outras atividades do projeto, como concursos de desenho e de redação. “Estamos procurando criar toda semana algo para motivá-los”, diz.
Além da falta de condições financeiras da maioria dos alunos, algumas crianças não possuem uma estrutura em casa que favoreça o desenvolvimento do aprendizado. “Eu tenho crianças que pai e mãe não leem, outras que são criadas pelos avós. É muito complicado”, diz Janice ao abordar a enorme lacuna. “É completamente diferente do que eles têm na sala de aula”, avalia, citando ainda que vem se esforçado para fazer de uma maneira que não fique maçante para os alunos.
Janice revelou que conversa com alguns de seus amigos que possuem filhos que estudam em escolas privadas e nota uma realidade bem diferente. “Eles têm aula diretamente com o professor, começam estudar oito horas da manhã e param meio-dia, mas na casa deles existe uma base: um computador, tablet, tem uma mãe ali em cima, tem uma série de coisas que crianças que moram em favelas não têm”, finaliza.
Separamos mais dois projetos bacanas para você ajudar!
Toca de Assis
Dedicados a ajudar pessoas em situação de rua, os religiosos continuam apoiando no período de isolamento, entregando as refeições em vários pontos da cidade. Conheça o trabalho em @tocadeassis_rj. Contato: (21) 2137-7912
Você pode contribuir com qualquer valor na Caixa Econômica ─ agência 4084, conta corrente 1323-8, CNPJ 18.043.864/0006-60.
Corrente pelo Bem
Um projeto lindo que realiza ações sociais em comunidades carentes do Rio de Janeiro. Com o objetivo de diminuir a pobreza e a desigualdade social, a ONG está arrecadando dinheiro para comprar cestas e outros itens básicos para entregar às famílias do Jardim Gramacho. Conheça o trabalho em @correntepelobem.
Você pode contribuir com qualquer valor no banco Itaú ─ agência 0304, conta corrente 02999-4, titular: Associação Civil Corrente pelo Bem, CNPJ 17.244.169/0001-90.
Fotos dos projetos: Divulgação