Supor ser eterno já seria algo ao menos ousado; ser aluno e eterno, seja do nosso amado Pedro II ou de qualquer outro Colégio, só pode ser alguma espécie de piada surrealista da pessoa que criou o título desse texto, obrigando-me a perder já três linhas.
Jogar fora um parágrafo não é como jogar fora a vida, a memória, a hora do recreio e as Provas Únicas que tinham peso três… as Provas Finais, o temido ‘Ficar pra Fevereiro’… Todos os muitos emblemas que levávamos nas mãos, com o destino de uma grande e brilhante nação.
Nosso passo, constante e seguro, pela cantina, na hora da entrada atrasada com direito a anotação na carteirinha, rasga estradas… rasga o que? Obras superfaturadas, lava-a-jato, pedaladas fiscais, corrupção seguida por corrupção velada por omissão de mídias compradas, vilipêndio crescente dos direitos dos trabalhadores, conquistados com a luta de muitas décadas e a vida de muitos cidadãos nobres, humanistas, filósofos e cientistas sociais… direitos que foram ceifados com a chamada ‘Reforma Trabalhista’, mais propriamente uma ‘Apropriação Indébita’ do Governo contra o povo que trabalha com carteira assinada (os que persistem na esperança de seus direitos). Não só o povo tem direitos; o capital também o tem; mas o capital, quando do povo, tem o direito pertencente ao povo e não às instituições financeiras que o gerem. Eis a ilusão do poder que detém, em letargia, um sem número de bons cidadãos, alertas e vigilantes para que um novo governo e uma nova mentalidade política se instaure.
Nós trazemos no olhar o lampejo de um risonho fulgente porvir, apesar de tudo. Enquanto os homens exercem seus podres poderes, nós pedimos ‘mais luz’! E amamos daquele vez como se fosse a última… porque viver aqui só é ruim quando não chove no chão; pois se chover dá de tudo, fartura tem de montão.
Lágrimas não são argumentos. O futuro chegou e onde estamos nós? Continuamos eternos alunos do Pedro II e mais algumas outras coisas? Engenheiro disso. Funcionário daquilo. Professor daquilo outro. No que nos tornamos? O que somos? O que aconteceu com aqueles alunos do Colégio Pedro II… e que deu aqui, em nós? É isso mesmo? Estamos satisfeitos? Não? Sim?
Quem sabe faz o tempo, por isso acontece.
O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem
Guimarães Rosa