Jornal DR1

A vida não é o que dizem

Pra que tanto incômodo? Tanto silêncio, tanta ação, tanto equilíbrio? Ou não há excesso de equilíbrio?

Não me incomodam as modas, o sempre-criticável da juventude do momento; pra que se chatear com as guerras? Com a ganância e com o executivo que ganha milhões de dólares de bônus em detrimento de milhares de famílias que perdem suas casas, empregos e aposentadorias? Pra que se chatear que num supermercado a caixinha de morangos é mais cara, um pouco, do que no outro?

Ei, buscadores do ascetismo, vegetarianos… qual o problema do povo se alimentar de animais? Qual o problema da vulgarização do sexo, da corrupção na política? São muitas pessoas no mundo e um excesso de imagens, dados, cheiros, informações… as pessoas querem provar as pessoas como quem experimenta diferentes produtos, veste diferentes roupas para ocasiões diversas; aliás, isto ainda está de acordo com o desapego e o combate a esse sentimento tão desprezível chamado ciúme. E é da natureza do provar o jogar fora. Acostumem-se! Consumam e sejam consumidos! Isto é natureza.

Para de tanto reclamar! Seus filhos vão sair com doze, treze, quatorze anos pra balada. E vão fazer tudo o que tem que fazer. A vida é pra ser vivida. Não seja careta, mas não afrouxe demais. A vida está aí. Agora tem que cuidar. Se não cuidar, vira delinqüente. Mas se for bandido, se for papa, qual a diferença? O importante é que sustente a família e os filhos com dignidade, porque são sempre os filhos o mais importante, é para eles que temos que ensinar o que é certo.  E é óbvio que o que é certo é que é o certo. 

Chega de se incomodar, então. Porque a qualquer momento tudo se acaba. Ou não. Vamos fazer tudo o que der, neste tempo que não sabemos. Parar de atacar tanto o mal ou o bem porque eles estão misturados demais… e, num gesto corajoso de amor, vamos tomar as rédeas de nossos destinos e, já que não podemos escolher o dia do início de nossas vidas, ou como viemos pra cá, tenhamos a nobreza de aceitar o dom de que podemos escolher o dia do seu fim.  Para isso não é preciso que nos suicidemos.  Basta continuarmos assim, sem entender quem somos, perdidos, prenhes de incertezas inculcadas por uma centena de grupos que nos querem zumbis, patetas. Então, somos presenteados com tanta informação, que temos orgulho de propalar… então, eles vem e os sentimos… tocam o nosso ombro… olham-nos nos olhos… E sabemos que é o beijo gélido da morte, que nos recebe de manhã ao acordar… que nos abraça o nada, toda a noite, na hora de dormir. E isto ocorre dia após dia, todos os dias que nos movimentamos sobre a Terra.

A vida… a vida não é o que dizem.

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