Por que as pessoas boas, ao longo dos séculos, têm sido invariavelmente humilhadas e rejeitadas pela sociedade e tratadas como ingênuas ou fracas?
A única explicação plausível, ensina-nos a filosofia teândrica de jaez buberiano, parece ser esta: pessoas boas vieram de outro mundo e guardam, nos gestos e nas palavras, a centelha do amor gratuito advinda da realidade sobrenaturalizada de Deus, realidade esta incompatível com a maldade dos seres humanos, entregues à maldição de mentir todo dia e em conjunto, dizendo cheios de soberba para si mesmos, “eu me basto com meus talentos e racionalidade”.
Ora, pessoas boas estão mergulhadas no amor transcendente, como pérolas raras e preciosas envolvidas pelo mar e são, por consequência, refratárias às normas legiferantes garantidoras da superexcitação egóica e ao niilismo ético, característicos das sociedades pós-modernas e laicizadas, alheias à bondade, signo indelével destas criaturas singulares, tocadas pelas energias invisíveis nascidas do alto.
São, enfim, as criaturas à margem do mundo trivial, embriagadas até o fundo do coração desviante pela compaixão sagrada.