Escritora e crítica cultural é conhecida por ser uma das principais vozes do feminismo brasileiro e responsável por dar espaço a autores marginalizados da contracultura nos Anos de Chumbo.
A Academia Brasileira de Letras formou mais uma Imortal: a escritora e crítica cultural Heloisa Buarque de Hollanda, que agora ocupa a cadeira 30, outrora pertencente a escritora Nélida Piñon, que faleceu em dezembro de 2022, o que deixou a vaga em vacância. A eleição aconteceu na tarde desta quinta-feira (20/04), na qual Heloisa foi eleita com 34 votos de 37 possíveis. Seu concorrente foi o pintor e escritor Oscar Araripe, que recebeu apenas 2 votos válidos, sendo um único voto branco.
Nascida em 26 de julho de 1939 em Ribeirão Preto, São Paulo, Heloísa Helena Oliveira Buarque de Hollanda é ensaísta, escritora, editora, e crítica literária. É apontada como a maior intelectual pública do país e uma das maiores vozes atuais do feminismo brasileiro. Heloísa é formada em Letras Clássicas pela PUC-Rio, com mestrado e doutorado em Literatura Brasileira na UFRJ e pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. Atualmente, é diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), coordenadora do Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto em que se debate a presença da mulher no meio acadêmico.
Seu principal campo de pesquisa é a relação entre a cultura e o desenvolvimento, se aplicando principalmente nas áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultura digital, onde se tornou referência. Nos últimos anos, Heloísa tem se focado mais na cultura produzida nas periferias das grandes cidades, no feminismo e no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.
Entre suas obras publicadas, a que mais se destaca é o livro “26 Poetas Hoje”, publicado em 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais” que entrou para a história da literatura brasileira, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal. Este título é uma antologia de poemas e foi um divisor de águas entre a poesia canônica e a poesia contemporânea e performática, o que causou um furor na época em que foi lançado, segundo a própria Heloísa.
26 Poetas Hoje trouxe a poesia marginal para o centro da literatura, que era muito classista durante os anos 70, em pleno período dos “anos de chumbo”. Foi uma resposta direta de Heloísa para a Ditadura Militar e uma das primeiras manifestações da contracultura no cenário brasileiro. Em 2021, a autora repetiu a dose com “As 29 poetas hoje”, sendo uma de suas obras mais recentes e atuais.