O crescimento econômico dos países está relacionado à qualidade da educação e não à quantidade de anos de escolaridade, aponta estudo da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP – FGV). O levantamento mostra que potencializar as habilidades dos estudantes tem maior impacto sobre o crescimento econômico do que apenas garantir o acesso à educação, sem trabalhar essas habilidades. De acordo com a pesquisa, o desenvolvimento das habilidades aliado ao acesso à educação pode elevar o PIB (Produto Interno Bruto) em até 28% nos países de renda média-baixa.
A pesquisa utiliza dados do Banco Mundial para mostrar que o PIB per capita brasileiro poderia ser 66% maior se o país oferecesse educação e saúde de qualidade para toda sua população. Outro levantamento, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), afirma que o crescimento econômico sustentável acima de 2% ao ano no Brasil somente pode ser alcançado com um salto de produtividade, o que depende da qualidade da educação.
A pesquisa da FGV constata que o aumento da qualidade do ensino básico está associado a ganhos expressivos na geração de empregos, que o capital humano é fator extremamente relevante para explicar as diferenças de crescimento econômico entre países e que a escolaridade está associada com a produtividade, o que explica boa parte da diferença da renda dos trabalhadores.
Segundo o IBGE, mais da metade dos brasileiros com 25 anos ou mais não possui ensino médio completo, 13 milhões de jovens não estudam nem trabalham e cerca de 20% deles abandonaram a educação básica. O PISA mostra que 68% dos jovens brasileiros de 15 anos não possuem nível básico de matemática, 55% não possuem nível básico de ciências e 50% não possuem nível básico de leitura. Ainda de acordo com o PISA, 34% dos adolescentes repetiram de ano pelo menos uma vez no Brasil.
O ministro da Educação, Camilo Santana, aponta que o custo com um estudante repetente pode ser quatro vezes maior do que o valor investido em um estudante na idade adequada de aprendizado. Vários estudos mostram que uma educação de qualidade desde a infância estimula as habilidades socioemocionais e ajuda a reduzir crimes violentos, prisões e desemprego.
Educação parental
Os melhores resultados na educação estão relacionados à metodologia de ensino e também à participação efetiva dos pais no processo de aprendizagem das crianças e adolescentes. A educação parental é o melhor caminho para alcançar esses resultados, afirma a escritora, educadora parental, fundadora e diretora da Juntos Educação Parental, Stella Azulay. De acordo com ela, a educação parental empodera os pais para que tenham mais tranquilidade na hora de tomar decisões, fazer escolhas e criar vínculos com os filhos.
Stella explica que a educação parental é baseada em três grandes pilares: investir em conhecimento para fortalecer o maior patrimônio das famílias, que são os filhos; desenvolver a função educadora dos pais, as education skills, habilidades educadoras, que representam o pico do desenvolvimento humano; e tratar preventivamente as feridas abertas da sociedade construindo um mundo melhor com pessoas melhores, que são construídas dentro de casa.
Dicas
Segundo Stella, a principal dica para desenvolver a educação parental é que os pais não tenham vergonha de buscar ajuda e conhecimento. “Ninguém é perfeito. Quando os pais querem ser perfeitos, os filhos também querem e isso não existe, então colocam um peso muito grande sobre eles. Mas buscar conhecimento e evoluir na parentalidade é muito importante”, alega. Ela acrescenta que conhecimento é bem-estar, tranquilidade e saúde emocional.
A educadora parental diz que a família precisa entender sua realidade, definir e entender as regras da sua casa para que sejam coerentes. “É preciso estabelecer regras prioritárias, como quando é possível ceder, abrir exceção. Toda essa organização mental e prática traz paz e harmonia em casa. Todo mundo sonha com um lar tranquilo e acolhedor, mas isso exige esforço. Não tem mágica”, diz.
Esforço e lifelong learning, a educação como um processo contínuo, constante aprendizado, resultam em uma casa mais harmoniosa, família mas saudável e feliz. “Filho cada um é de um jeito, muda de fase, dá susto. Os pais vão descobrindo junto com eles, conforme vão crescendo. Conhecimento é o que transforma a família para isso, para preparar o filho para o século 21, que demanda tanto deles”, explica Stella.
A Juntos atua em parcerias com empresas para desenvolver projetos de educação parental, como benefício para os colaboradores, e vai desenvolver a parceria com as escolas a partir deste ano, comenta a educadora. Ela explica que essas parcerias impactam positivamente a comunidade escolar, melhorando a relação família escola, fazendo com que os alunos cheguem mais preparados emocionalmente e tranquilos para as aulas e convívio social, trazendo bem-estar para todos.