Evolução do procedimento para correção de miopia, astigmatismo e hipermetropia vem auxiliando um número crescente de pacientes que pretendem se livrar dos óculos
De acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil mais de 35 milhões de pessoas sofrem com algum problema de visão. Um dos problemas mais comuns é a miopia, grau do olho que determina dificuldade de enxergar à distância. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a miopia é um dos problemas de saúde pública que mais cresce no mundo. A projeção é de que metade da população mundial seja míope em 2050. A prevalência atual de pessoas com miopia no Brasil é de 27,7%. Segundo a organização, a estimativa é que entre 2020 e 2040 o número global de altos míopes aumente 74%, passando de 399 milhões para 695 milhões. A correção dessa e de outras alterações ópticas passa pelo uso dos óculos, lentes de contato ou cirurgia refrativa.
A cirurgia refrativa tem se tornado um procedimento oftalmológico cada vez mais popular e visa corrigir, além da miopia, o astigmatismo e a hipermetropia, proporcionando uma visão nítida e livre da necessidade de óculos ou lentes de contato.
O procedimento representa uma solução eficaz para quem deseja melhorar sua qualidade de vida. No entanto, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre esse tratamento e em quais casos é indicado. Para ajudar a esclarecer essas questões, o Dr. Edmundo Martinelli, oftalmologista da Unidade Laser Ocular do H.Olhos e Professor e Chefe do Setor de Cirurgia Refrativa da Faculdade de Medicina do ABC, com mais de 30 anos de experiência nessa especialidade, responde às perguntas mais comuns sobre o procedimento.
1- O que é a cirurgia refrativa?
A cirurgia refrativa engloba uma série de procedimentos que visam a correção dos graus dos olhos, e a cirurgia refrativa com o uso do laser é o procedimento que mais se realiza no mundo, permitindo tratar a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia. É indicada para quem quer diminuir ou eliminar a dependência do uso de óculos ou lentes de contato. Para se saber se o interessado apresenta os critérios para realizar o tratamento, deve ser feita uma avaliação oftalmológica completa com exames específicos, voltados principalmente para a córnea, que é a lente natural do olho.
2- Qual o método mais moderno?
Os procedimentos a laser mais consagrados e com maior número de indicações são LASIK e PRK e hoje estão no ápice da evolução, tanto na técnica cirúrgica como nos equipamentos envolvidos, tornando os resultados muito precisos e seguros. As principais mudanças aconteceram na substituição do tratamento convencional realizado por equipamentos de laser mais antigos, de 1a geração, pelo tratamento personalizado dos equipamentos de laser atuais, de 4a geração, o que trouxe excelentes resultados não só na precisão do grau corrigido, como também na qualidade da visão obtida. Outra importante evolução foi a introdução de um segundo tipo de laser no moderno LASIK (laser de femtosegundo), aumentando a previsibilidade e segurança dessa técnica.
3- O que são as técnicas LASIK e PRK, quais as diferenças?
A correção acontece quando o laser modifica a curvatura da córnea, modificando assim o grau do olho. Na técnica chamada LASIK o laser é aplicado numa região mais profunda da córnea. No LASIK moderno (conhecido como iLASIK ou zLASIK) são utilizados dois tipos de laser: o laser de femtosegundo, que permite alcançar a profundidade da córnea de forma muito precisa e segura, em substituição à lâmina da técnica mais antiga, seguida da aplicação do excimer laser que faz o tratamento personalizado do grau. Após esse procedimento é possível o retorno às atividades de trabalho já no dia seguinte ao tratamento.
Na técnica PRK, a aplicação do excimer laser é feita numa região mais superficial da córnea e há a necessidade de se remover a primeira camada de células, chamada epitélio. Após a aplicação do laser é colocada uma lente de contato especial, terapêutica, que irá ficar e proteger a córnea por 5 a 7 dias até o epitélio se refazer. Devido à espera desse período de cicatrização, o tempo de retorno às atividades é de 7 dias.
4- Existe uma melhor que a outra ou cada uma tem um tipo de indicação?
Não existe uma técnica melhor que a outra, as duas levam aos mesmos resultados do ponto de vista de correção dos graus, porém com tempos diferentes em relação à recuperação da nitidez da visão e do retorno às atividades de trabalho. A escolha da técnica mais adequada é uma decisão médica, baseada nos exames realizados e em fatores individuais, devidamente explicados e justificados ao paciente.
5- Qual das técnicas é mais segura?
As duas técnicas são seguras, desde que bem indicadas e seguidas as recomendações e cuidados pré, intra e pós-operatórios.
6- Quais são os riscos de cirurgia refrativa?
Nenhum procedimento cirúrgico é isento de riscos, porém a cirurgia a laser é um dos procedimentos oftalmológicos que tem os menores índices de complicações.
7- É possível ter que refazer uma fazer a cirurgia refrativa? O grau pode retornar?
A incidência do retorno do grau é baixa, gira em torno de 4%, podendo ser indicado o retratamento, desde que os exames oftalmológicos se apresentem normais.
8- Quais os cuidados que se deve ter após a cirurgia?
No pós-operatório imediato, são dadas orientações importantes, por escrito, sobre o uso de colírios, cuidado com os olhos e retorno gradativo às atividades de trabalho. Sugere-se controles em consultas trimestrais no primeiro ano pós-tratamento e manutenção de acompanhamentos semestrais ou anuais nos anos seguintes.