Colecionadora de artes dedicou sua vida a adquirir artes e objetos de várias culturas, totalizando em um acervo de mais de duas mil peças.
Se não aguentou dar aquelas duas voltas prometidas na Lagoa, sugerimos um lugar curiosamente incrível para se visitar: a Casa Museu de Eva Klabin, um museu escondido da cidade no qual possui exposições fixas e itinerantes, todas gratuitas.
O próprio nome do espaço já é bastante explicativo: originalmente, o museu foi a casa de Eva Klabin, cuja vida é tão curiosa quanto o seu museu. Eva nasceu em 1903 e faleceu em 1991, ou seja, ela foi uma testemunha do conturbado Século XX. Natural de São Paulo, Eva era filha de dois imigrantes lituanos, Fanny e Hessel Klabin. O gosto por colecionar artes veio do pai e Eva já começou sua coleção ainda na juventude: duas pequenas pinturas de paisagem do pintor holandês do século 17, Glauber.
Essas duas peças inclusive fazem parte da Casa Museu, cujo acervo tem mais de duas mil artes e objetos, de diferentes épocas da história e de origens diferentes. Eva casou-se em 1933 com o advogado e jornalista Paulo Rapaport, austríaco naturalizado no Brasil. O casal trocou São Paulo pelo Rio de Janeiro, onde o endereço no qual se mudaram é o atual endereço do museu. Rapaport faleceu em 1957, o que deixou Eva bastante devastada com o luto, preferindo ficar reclusa . O casal não teve filhos.
A arte foi justamente o que deu forças para Eva voltar a ativa, dedicando-se completamente ao colecionismo. De personalidade transgressora, trocava o dia pela noite e sua casa era o ponto de encontro de artistas e boêmios, onde lhes servia o jantar, sempre após a meia-noite. Para adquirir as peças de sua coleção, Eva viajou pelo mundo, mas não esqueceu também o Brasil em sua jornada.
Sua coleção foi montada com peças adquiridas em antiquários paulistas e cariocas, e também em reputadas casas de Roma, Paris, Londres, Zurique, Viena, Madri ou Barcelona e outras tantas arrematadas nos leilões de Buenos Aires, Londres e Nova York. Eva também era fascinada pelo Oriente e fez viagens ao Japão, à China, à Birmânia, à Tailândia, à Índia, à Indonésia e a Singapura, o que lhe rendeu mais peças para levar para sua casa na Lagoa.
A residência de Eva também recebeu grandes personalidades, como Juscelino Kubitschek, o paisagista Burle Marx, o israelense Shimon Peres e os norte-americanos David Rockfeller e Henry Kissinger, ex-secretário de Estado. Suas festas eram conhecidas pela sofisticação, principalmente dos arranjos florais, especialmente criados em sua homenagem, pelo amigo paisagista.
Quando não estava em viagens ou em festas, Eva gostava de relaxar na Sala Inglesa da casa, onde apreciava sua coleção enquanto ouvia música clássica. Um ano antes de falecer, viu a Fundação Eva Klabin concretizar, seu maior desejo. Também entregou todo o seu acervo ao Rio de Janeiro. Ela faleceu em novembro de 1991.
O maior feito de Eva Klabin foi traçar um verdadeiro panorama da arte em sua casa. Sua coleção vai de peças do Egito Antigo até o Século XIX. Hoje, cada cômodo de sua casa é dedicado a uma exposição temática de épocas e lugares históricos: são as coleções Egípcias, Italianas, Francesas, Inglesas, Holandesas, Orientais e Pré-colombianas. Além dessas exposições físicas, há as exposições itinerantes, consertos e cursos de artes.
A Casa Museu Eva Klabin fica aberta de quarta a domingo e são gratuitas. Mas todas as visitas são guiadas por um mediador, portanto, possui horários: 14h, 15h, 16h e 17h. Os ingressos devem ser retirados em até 10 minutos antes de casa visitação. O endereço é Av. Epitacio Pessoa, 2.480.