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Ars Gratia Artis: Borboleta Mágica

Era sábado e, na volta da aula de música, Thomás quis comprar, numa loja de artigos para jardim, uma vareta comprida e verde com uma borboleta na ponta.  Ela tinha as asas articuladas por molas e era bem colorida.

Foi mexendo com todas as pessoas na rua.  Ele parava a pessoa escolhida e balançava a vareta, fazendo a borboleta bater as asas. E sorria para a pessoa. Todos, sem exceção, sorriam de volta.  Um rapaz me deu a impressão de quase chorar.  Um senhor mal encarado abriu um grande sorriso.  Uma mulher de semblante grave e sério iluminou o rosto.

Fiquei impressionado como esse gesto dele fazia com que todos, sem distinção de idade, sexo, humor, sorrissem sincera e gostosamente.  Fiquei feliz de saber que todas aquelas pessoas tinham algo em sua sensibilidade que captou a poesia daquela despretensiosa e lírica brincadeira de criança.  Então brinquei com ele também e disse que aquela era uma vareta de borboleta que ele tinha feito virar mágica e que o poder dela era de fazer os outros ficarem alegres.  É claro que eu acreditei no que disse.  Ele também.

Fomos espalhando a magia da felicidade entre nossos irmãos e irmãs e o amor que foi dito, no dia de chuva, se fez presente naquela manhã de trinta e tantos graus.

Da coletânea ‘Aventuras Uranianas

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