A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é muito conhecida, principalmente quando se fala da Força Expedicionária Brasileira (FEB)e do 1º Grupo de Aviação de Caça.
Mas pouca gente sabe que o país também atuou na Primeira Guerra Mundial, chamada na época de ‘’A Grande Guerra ’’,que teve como estopim o assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando do Império Austro-Húngaro em 28 de junho de 1914, envolveu 17 países de 5 continentes e só terminou em 11 de novembro de 1918, há 105 anos, deixando 10 milhões de mortos.
O Brasil participou com uma Missão Médica Militar e oficiais do Exército na França, aviadores navais na Europa e a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG) no patrulhamento do Oceano Atlântico na costa da África.
E é sobre a DNOG que trata o livro “Da Guerra à Diplomacia: A História da Divisão Naval Brasileira na Grande Guerra”, escrito pelo Capitão de Mar e Guerra da Marinha brasileira Francisco Eduardo Alves de Almeida.
A narrativa do autor desvenda os bastidores da criação e formação desta divisão naval, com a entrada do Brasil na guerra em 1917, após o torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães
A DNOG foi constituída por 8 navios, entre destróieres, cruzadores, um rebocador e comandada pelo almirante Pedro Frontin, que era irmão do engenheiro Paulo de Frontin que dá nome a um viaduto na cidade do Rio de Janeiro e também de um município do interior fluminense.
O livro exigiu uma meticulosa pesquisa em arquivos históricos, consultando documentos oficiais, cartas, periódicos, entre outras fontes.
O autor tece uma narrativa cativante que contextualiza a decisão do Brasil em se envolver na guerra e os impactos significativos dessa participação no cenário internacional. Narra também os desafios enfrentados pela divisão naval, como a escolha do comandante e dos navios da esquadra, dificuldades operacionais como abastecer as caldeiras em alto mar, a tensão com possíveis ataques de submarinos e a navegação em mares revoltos sem radar ou GPS.
Conta ainda detalhes que parecem saídos de roteiros do cinema, como a briga envolvendo marinheiros da DNOG e a polícia do Recife que parou a capital pernambucana e o dia em que esquadra confundiu um cardume de toninhas com submarinos inimigos.
O livro tem ainda um capítulo sobre outro terrível inimigo que a divisão naval enfrentou: a Gripe Espanhola, que dizimou 176 marinheiros quando a DNOG chegou a Dacar no Senegal.
Além de oficial da Marinha, Francisco Eduardo Alves de Almeida é historiador com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa, Vice-coordenador e professor do Programa de Pós-Graduação da Escola de Guerra Naval (EGN).
“Da Guerra à Diplomacia…” não é apenas um mergulho profundo na história da DNOG e da Marinha, mas também uma reflexão sobre a evolução do Brasil como ator global, trazendo uma contribuição valiosa para a compreensão sobre a pouco conhecida história da participação brasileira na Primeira Guerra Mundial.