Pesquisa pioneira é uma parceria entre a Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro da Câmara Municipal e o Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ)
A insegurança alimentar grave – ou seja, a fome – é realidade em 7,9% das casas na capital fluminense. Em números absolutos, são 489 mil pessoas com os pratos vazios. Cerca de 2 milhões de cariocas convivem com algum grau de insegurança alimentar. Os dados inéditos fazem parte do Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro.
A pesquisa revela, ainda, que o acesso à alimentação adequada se dá de forma desigual na geografia da capital fluminense. A Zona Norte (tirando a Tijuca) é a mais atingida pela fome, ela se apresenta em 10,1% das casas.
A fome é maior nos lares chefiados por pessoas negras. Quando o estudo faz a análise por gênero, 8,3% das famílias comandadas por mulheres também não têm o que comer.
O Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro é uma iniciativa conjunta da Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria e o Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ).
O estudo torna o Rio de Janeiro a primeira cidade brasileira a mapear a insegurança alimentar em nível municipal. As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, com entrevistas em 2 mil domicílios das cinco Áreas de Planejamento (APs), usando a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA).
“O Mapa da Fome do Rio é um importante legado da Frente Parlamentar Contra a Fome e a Miséria para a população carioca. Ele servirá de base para fornecer critérios técnicos para a implementação de políticas públicas, e com isso auxiliar na ampliação dos restaurantes populares, cozinhas comunitárias, banco de alimentos e demais instalações de programas de segurança alimentar. É o poder legislativo municipal patrocinando pesquisa científica, cumprindo a sua responsabilidade na busca de soluções para que o Rio de Janeiro saia de vez do Mapa da Fome. Queremos que essa iniciativa inédita seja exemplo para todas as casas legislativas do país”, afirma o vereador Dr. Marcos Paulo (PT), presidente da Frente Parlamentar Contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro.
Plano de ação para um quadro crítico
O estudo analisa as políticas públicas e iniciativas – do governo ou da sociedade civil – que têm por objetivo assegurar o direito à alimentação saudável. Os únicos três restaurantes populares municipais (em Bonsucesso, Bangu e Campo Grande) atenderam a apenas 6,9% da população carioca. As cozinhas comunitárias e o programa Prato Feito Carioca foram acessados, de agosto a outubro de 2023, por apenas 2,1% dos moradores da cidade. As visitas às residências de agentes comunitários de saúde também têm se mostrado escassas: 56,5% da população no município relatou não ter recebido nos últimos três meses.