Mais de 25% da população mundial enfrenta níveis extremamente altos de escassez hídrica. Indústrias precisam repensar o consumo de água na produção
A crescente escassez de água e as pressões para a redução do consumo energético têm colocado as indústrias, especialmente a de papel e celulose, no centro das discussões ambientais. Segundo o World Resources Institute, mais de 25% da população mundial enfrenta níveis extremamente altos de escassez hídrica. No Brasil, onde a produção de papel e celulose é uma das maiores do mundo, as empresas enfrentam o desafio de equilibrar eficiência operacional e sustentabilidade. Mas como essas indústrias estão adaptando seus processos para minimizar o impacto ambiental?
Para o especialista em Eletrotécnica, Equipamentos de Controle de Poluentes e Meio Ambiente, Fabricio Palmeira, as práticas inovadoras de gestão da água são fundamentais para enfrentar os desafios ambientais e as indústrias de papel e celulose devem adotar soluções para melhorar a eficiência no uso da água durante o processo de produção.
“As principais estratégias são o desenvolvimento de espécies mais resistentes à escassez hídrica, do manejo florestal com o plantio em mosaico, intercalar trechos plantados com florestas nativas, e do emprego de tecnologias e automação. Com a padronização e automação do processo, utilizando equipamentos modernos, você cria uma gestão de consumo de água mais eficaz, garantindo sua aplicação, e devolvendo da melhor forma a água a natureza”, explica.
Além da gestão da água, a eficiência energética surge como uma das maiores preocupações. “Hoje enfrentamos uma série de desafios ambientais, a poluição do ar e da água, as mudanças climáticas, a degradação dos ecossistemas e a perda da biodiversidade. As Indústrias precisam desempenhar um papel mais ativo na transição para um modelo mais sustentável, adotando tecnologia e equipamentos voltados a práticas que minimizem os impactos negativos e contribuam para a conservação do meio ambiente, além de aplicar um desenvolvimento social voltado a isso”, exemplifica Palmeira.
O futuro da indústria de papel e celulose dependerá, em grande parte, da sua capacidade de inovar e adotar práticas mais sustentáveis. No cenário atual, as indústrias que não se adaptarem aos padrões de sustentabilidade correm o risco de se tornarem obsoletas.
“No processo de produção de papel e celulose, os operadores têm que analisar os dados e ajustar as variáveis para que não ocorram desvios ou perda de produção. Essa tomada de decisão fica na mão de operadores, onde a falta de padronização e o tempo de resposta podem prejudicar o processo. Com a implementação de Inteligência Artificial aos processos, vinculado a equipamentos de automação, por exemplo, esse aprendizado de máquina, aliado a quantidades de dados que a mesma pode processar, antecipam e detectam anomalias na produção, construindo modelos de análise para predição, prescrição ou análise de causa-raiz, melhorando a eficiência dos processos, monitorando, rastreando e analisando dados históricos e em tempo real, evitando variáveis indesejadas ao processo”, finaliza Fabricio Palmeira.