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A curiosa “Casa Sem Janelas” em Copacabana

Crédito: Copacabana em Foco

Desenhada pelo arquiteto italiano Antonio Virzi nos anos 20, hoje funciona uma biblioteca municipal

Na edição 231, contamos a história do curioso e fantástico prédio da Fábrica Elixir Nogueira, que infelizmente foi demolido mesmo tombado, por especulações imobiliárias e pelo preconceito em relação a sua arquitetura experimental e sua fachada adornada por gárgulas e ninfas. Contamos também que este extinto edifício foi desenhado pelo arquiteto italiano radicado no Brasil Antônio Virzi. 

Acontece que a Fábrica Elixir Nogueira não foi a única obra de Virzi no Rio de Janeiro. Ele levantou outros prédios com sua arquitetura peculiar e poucos resistiram ao tempo. Mas, hoje iremos falar de uma de suas construções que está em pé até hoje e é bem utilizado: a “casa sem janelas”, a Casa Villiot ou como hoje é conhecida, a Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade.

Construída em 1929 a pedido do engenheiro Victor Villiot Martins, um importante nome da sociedade carioca na época, além do desenho assinado por Antônio Virzi, o projeto foi levantado pelos construtores Jayme Machado e Umberto Kaulino, também nomes importes da engenharia. Todavia, um desentendimento entre o arquiteto e o engenheiro gerou em um prédio bastante curioso…

Hoje, quem passa pelo endereço da Rua Sá Ferreira, nº80, em Copacabana pode até tomar um susto se estiver desatento, pois a Casa Villiot parece não ter nenhuma janela devido a ao seu design de volumes escalonados e interpenetrantes com elementos art-déco, na qual Virzi era adepto (tanto que foi conhecido como “Gaudi Carioca”) dá a impressão que a estrutura de não tenha janelas ou qualquer outra abertura para circular o ar, mas é só uma impressão que engana os olhos menos atentos.

A extravagante construção de 306 m² e dois andares passa a sensação de ser uma fortaleza devido a suas paredes e muros robustos. Se no exterior há inspiração da Art Nouveau e várias referências da arquitetura italiana, seu interior é modelado com a geometria expressionista, como Virzi gostava de mesclar estilos em suas criações. Quase apagada na Sá Ferreira atualmente, é um convite para ser explorada pelos curiosos.

Como seu dono fazia parte da alta sociedade carioca, algumas personalidades visitaram a residência, como o Ex-Presidente Washington Luís (1869-1957), que foi em sua inauguração. A casa foi habitada até os anos 80 e sua última moradora foi uma idosa, apontada como esposa de Victor Villiot. Com a morte da esposa, a casa ficou abandonada por anos, sendo tomada por moradores de rua e traficantes de entorpecentes por bastante tempo.

Felizmente, a “Casa Sem Janelas” foi salva pela prefeitura do rio, que tombou o imóvel em 1995. No ano seguinte, foi declarada de utilidade pública e entregue a Secretaria Municipal da Cultura para ser usada como equipamento para uso cultural. Em 2000, a prefeitura desapropriou o terreno e durante alguns funcionou no local o  Centro de Referência da Música Carioca.

Desde de 2007, a Casa Villiot agora é a Biblioteca Municipal Carlos Drummond de Andrade, que possui mais de 20 mil livros, entre os gêneros de infantil, infanto-juvenil e adultos. A biblioteca pode ser visitada de segunda a sexta, das 9 até as 17h.

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