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A epidemia da obesidade infantil

Anos atrás, magreza e desnutrição infantil faziam parte do quadro de medição do índice de pobreza no Brasil. Hoje em dia, a obesidade infantil surge também como resultado do empobrecimento e da falta de segurança alimentar entre os menos favorecidos economicamente. Segundo o ENANI, Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição, uma em cada dez crianças de até 5 anos apresenta excesso de peso. No Rio de janeiro – segundo maior PIB, Produto Interno Bruto, do país-, a obesidade entre crianças subiu para 18% em 2021. A situação tornou-se mais agravante possivelmente com a crise no período da pandemia da Covid 2019. Se antes as crianças não tinham acesso `a comida, hoje elas comem mal, muito mal: uma mistura de sal, açúcar, gordura e conservantes em alimentos ultra processados, com alto índice calórico e sem valor nutricional. Enquanto uma parte da população privilegiada pode escolher pratos mais saudáveis e caros, outra parte somente pode pagar por alimentos de baixa qualidade.

Tal índice de obesidade não isenta, no entanto, parte da população infantil que sofre de desnutrição e esqualidez. Em ambos os casos, a deficiência nutricional resulta em baixa estatura em crianças com altura abaixo da medida esperada para sua idade. E, em ambos os casos, o acesso a alimentos mais saudáveis e ao acompanhamento do crescimento e desenvolvimento parecem não fazer parte das prioridades das políticas governamentais na área de saúde. A criação de políticas que favoreçam tal acesso e promovam mais atividades físicas, se já não estão, deveriam estar na pauta de discussões do Ministério da Saúde. Outro ponto de discussão importante, mas bastante delicado, seria a promoção de campanhas que informem a população sobre os efeitos dos alimentos ultra processados `a saúde e a sua regulamentação nos rótulos nos alimentos. Sabemos, no entanto, que tal ponto pode não ser parte da agenda de discussões dos conglomerados financeiros de alimentos industrializados, os quais se esmeram em viciar a população em Junk Food, especialmente nos países em desenvolvimento. Também sabemos que a obesidade infantil antes de ser uma questão de saúde é uma questão política, qual seja, uma questão que envolve a cumplicidade entre governos, a indústria alimentar e a especulação financeira. 

Diante de tal cenário, não constitui surpresa constatar que a estrutura que ora vigora no país pós pandemia é a de fome crônica: não mais apenas pela falta de acesso a alimentos, mas pela falta de acesso alimentos mais saudáveis com vistas a favorecer certos setores econômicos da indústria alimentícia. Desnecessário dizer o quanto isso é preocupante sobre uma parte da população infantil que pode vir a se tornar adultos com problemas cardiovasculares, de pressão arterial e de diabetes, entre outros. Isso não somente compromete a integridade física que deveria ser garantida pelo governo aos seus cidadãos, mas também promove grande atraso no desenvolvimento do país. 

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