Conheça o mais novo Imortal da Acadêmia Brasileiras das Letras, o primeiro autor indígena
Ailton Krenak, nascido em 1953 no Vale do Rio Doce, Minas Gerais, é mais do que um nome; é uma história de resistência, ativismo e profunda ligação com a natureza. Seu nome real é Ailton Alves Lacerda Krenak, sendo o “Krenak” o nome de povo indígena no qual Ailton se origina, moradores do Vale do Rio Doce. A Tragédia de Mariana em 2015 afetou profundamente os Krenak, pois a devastação ambiental da tragédia comprometeu a principal fonte de subsistência deste povo, o que deu mais forças para Ailton continuar na luta de sua carreira ambiental e de filósofo ensaísta.
Sua trajetória começou aos 17 anos, onde se mudou para o Paraná, tornando-se produtor gráfico e jornalista, mas foi nos anos 80 que sua vida tomou um rumo marcante: dedicou-se integralmente ao movimento indígena.
Em 1985, fundou o Núcleo de Cultura Indígena, uma ONG dedicada a promover a riqueza cultural dos povos nativos. Sua presença foi crucial na Assembleia Constituinte de 1988, onde, de maneira simbólica, pintou o rosto com jenipapo, protestando contra retrocessos nos direitos dos indígenas. Na cultura de seu povo, jenipapo significa “fruta que serve para pintar”, é dela que é extraída a tinta azul-escura forte, praticamente preta, usada para simbolizar o luto
Krenak co-fundou a União dos Povos Indígenas e participou da Aliança dos Povos da Floresta, defendendo reservas naturais na Amazônia. Em Minas Gerais, sua terra natal, criou o Festival de Dança e Cultura Indígena em 1998, promovendo integração entre etnias.
Sua obra “O Eterno Retorno do Encontro” e sua participação em documentários, como “Guerras do Brasil”, na Netflix, ecoam sua visão crítica do capitalismo e do colonialismo. Ele é um defensor incansável dos direitos indígenas e do meio ambiente.
Em 2019, seu livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” tornou-se um sucesso, criticando a separação entre humanidade e natureza, tendo como base a palestra dada pelo autor em Brasília, que ressaltou a importância dos seres humanos encararem o meio natural como um membro da família. “O Amanhã Não Está à Venda” (2020) e “A Vida Não é Útil” (2020) exploram reflexões sobre a pandemia e os desafios contemporâneos e foram escritos durante este período.
Em 2023, Krenak fez história ao ingressar na Academia Mineira de Letras e na Academia Brasileira de Letras, sendo o primeiro indígena a fazê-lo. Seu legado vai além da escrita; é a voz de um povo, um guardião da natureza, e um ícone na luta pelos direitos indígenas e causas ambientais.