A escritora Ana Maria Gonçalves tomou posse na cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras (ABL) nesta sexta-feira (7), substituindo Evanildo Bechara, falecido em maio deste ano. Ana Maria é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na instituição. A cerimônia foi realizada no Petit Trianon, sede da ABL, no Centro do Rio de Janeiro.
Desde a fundação da Academia, Ana Maria é a 13ª mulher eleita e a sexta entre os atuais imortais. Aos 54 anos — completará 55 seis dias após a posse — é também a acadêmica mais jovem atualmente.
Durante a solenidade, a autora de Um defeito de cor foi recebida por Lilia Schwarcz. Ana Maria recebeu o colar acadêmico das mãos de Ana Maria Machado e o diploma entregue por Gilberto Gil. A comissão de entrada foi formada por Rosiska Darcy de Oliveira, Fernanda Montenegro e Miriam Leitão; já a comissão de saída contou com Domício Proença Filho, Geraldo Carneiro e Eduardo Giannetti.
O fardão utilizado pela escritora foi confeccionado por integrantes da Portela, escola de samba que teve o livro Um defeito de cor como enredo no Carnaval de 2024. A agremiação foi mencionada no discurso de agradecimento da nova imortal.
Na plateia, Ana Maria contou com a presença dos pais e de familiares.
A escritora também fez uma reflexão sobre o processo histórico de exclusão de mulheres e outros grupos da Academia. Lembrou, entre outros casos, a negação da candidatura de Dinah Silveira de Queiroz e a posterior aceitação de Raquel de Queiroz.
Ela também ressaltou a importância das recentes eleições de acadêmicos com perfis mais diversos.
Trajetória
Nascida em Ibiá (MG), em 1970, Ana Maria Gonçalves é escritora, roteirista, dramaturga e professora de escrita criativa. É sócia-fundadora da Terreiro Produções e deixou a carreira na publicidade, após 15 anos, para se dedicar à literatura.
É autora de Ao lado e à margem do que sentes por mim e do premiado Um defeito de cor, vencedor do Prêmio Casa de las Américas (Cuba, 2007).
Seus contos já foram publicados em Portugal, Itália e Estados Unidos, país onde viveu por oito anos e ministrou cursos e palestras sobre questões raciais.
Ana Maria foi escritora residente nas universidades de Tulane (Nova Orleans), Stanford (Califórnia) e Middlebury (Vermont).
Seu romance mais conhecido, Um defeito de cor — com 952 páginas — foi publicado em 2006, após cinco anos de produção (dois de pesquisa, um de escrita e dois de reescrita). A obra narra a trajetória de Kehinde, mulher negra sequestrada no Reino do Daomé e escravizada na Bahia, inspirada na história de Luiza Mahin, mãe do abolicionista Luiz Gama.





