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Após morte de dentista, neurocirurgião alerta para riscos ao mergulhar de cabeça em piscina

 

Dr. Antônio Araújo, da Clínica Araújo & Fazzito, comenta sobre perigo dos mergulhos em água rasa que, segundo o especialista, é a segunda maior causa de lesão da medula espinhal, e importância da conscientização

Na última segunda-feira (18), o dentista conhecido por atender famosos como Jade Picon e Neymar, Rafael Puglisi, de 35 anos, morreu ao bater a cabeça durante mergulho. De acordo com o atestado de óbito, o rapaz teve um traumatismo cranioencefálico.

 

Dr. Antônio Araújo, neurocirurgião da Clínica Araújo & Fazzito e do corpo clínico do Hospital Sírio Libanês, comenta que em época de calor excessivo, uma preocupação da saúde pública é sobre os riscos do mergulho em água rasa. “No verão, em especial, o mergulho em água rasa responde pela segunda causa de lesão da medula espinhal, ficando atrás apenas dos acidentes automobilísticos”, comenta o profissional.
O mergulho em água rasa pode representar riscos significativos para uma pessoa. Segundo o neurologista, a prática pode resultar em lesões graves na medula espinhal, fraturas ósseas, lesões na cabeça e até mesmo na coluna vertebral. “Existem vários fatores que contribuem para os riscos do mergulho em água rasa. A principal é a falta de profundidade suficiente para amortecer adequadamente o impacto do corpo com o fundo ou com objetos presentes na água, como rochas ou detritos submersos”.
Nesse caso, existe o impacto da cabeça contra o fundo da água, causando uma lesão por flexão ou extensão excessiva da coluna cervical, resultando em escorregamentos das vértebras cervicais, conhecidas como fraturas luxações da coluna cervical, e com potencial de compressão medular.

 

“Quando ocorre compressão medular cervical, existe uma perda imediata da mobilidade e da sensibilidade dos braços e das pernas, por um quadro conhecido como ‘choque medular’. Muitas vezes, estas vítimas precisam ser imediatamente carregadas para fora da água, senão correm um sério risco de afogamento”, explica. Deve-se ressaltar que, uma vez fora da água, é importante não mobilizar as vítimas sob pena de piora.
O especialista comenta que outra preocupação é se a vítima está respirando. “Se a compressão medular ocorrer em níveis mais altos da coluna cervical, pode resultar em parada respiratória por comprometimento do nervo frênico, que responde pela mobilidade do diafragma durante a respiração”.

 

Por isso, a conscientização sobre os riscos do mergulho em água rasa é fundamental para garantir a segurança dos praticantes de esportes aquáticos. Nunca se esqueça de algumas recomendações para se evitar acidentes mais graves.

 

“Nunca mergulhe de cabeça, mesmo que você saiba da profundidade da água, não ingira bebida alcoólica antes de mergulhar, pois isso aumenta os riscos de lesão, não mergulhe em águas turvas e nunca empurre ou jogue outras pessoas dentro da água”, finaliza o médico especialista.

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