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Ars Gratia Artis: 5 Pontas

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Pelo controle, as cinco pontas permanecem soberanas. Do enorme pilar de carne, uma plataforma irregular traçada germina cada uma delas; cada uma das cinco pontas. Uma ponta. Duas pontas. Três pontas. Quatro pontas. Cinco pontas. Às vezes, seis pontas. Às vezes, nenhuma. Contudo, cinco pontas são as mais comuns nessas terras. Elas são o que decidem o que formam… manejam tudo o que tocam com controle inalcançável para qualquer outra forma de vida que não esteja de acordo com seus desejos. Nos bosques eternos da desesperança, é possível ver as esperadas cinco pontas emergirem do topo de cada pilar: como os galhos de árvores mortas que seguram as nuvens, violentamente.

O que é mais aterrorizante? Um motivo de existir, ou existirem sem motivo? Surgem do chão: nascentes da semente do querer. As cinco pontas de cada pilar que se complementam de maneira adjacente. Elas, porém, apenas concordam umas com as outras dentro de seus reinos, ainda presas por aquilo que as prende na terra da Terra; pelas suas respectivas colunas orgânicas.

Os pilares são vivos, sabia disso? Não é o vento que os sacode. Não são as tempestades que os movem. Suas magnitudes paradoxais são capazes de subjugar a natureza como um todo, agindo por sentimentos desconhecidos. Alguns acreditam que precisa existir alguma característica real das misteriosas cinco pontas, reinantes em seus respectivos pilares; que precisa existir um padrão, mas não. Tamanha tolice – que nasce da vontade do saber – apenas se torna alimento para a ignorância.

Rebatem-se ferozmente uns nos outros, causando terremotos e enchentes como consequência das batalhas infernais. Pilares se retorcem, enroscando-se nos que julgam ser seus inimigos, em suas perspectivas deturpadas. As cinco pontas de cada um se fecham e logo abrem, defensivamente. A visão perturbadora de quando tudo o que há no céu não passa de guerras de horrores – inapreensíveis pela mente humana – é marcante. Eu já a vi com meus próprios olhos e presumo que alguém como você também tenha visto.

Me pergunto se sabem… Se cada conjunto de cinco pontas entende os estragos que causam. Assim permanecem as misteriosas cinco pontas; proliferadas em orgânicos dadaísmos, se destruindo e reconstruindo em uma batalha sem um “grand finale” aparente. De qualquer forma, eu rezarei para que não decidam descarregar toda a fúria a que se dedicam em nosso pobre planeta. Afinal, as cinco pontas são as únicas que decidem o real destino: o fim dos começos. 

São conceitos muito confusos, não? Para mim também. Justamente por isso, não existem muitas alternativas significativas para pessoas como a gente. Eu até tentei olhar por outros ângulos, entretanto continua difícil de entender. Fico até aterrorizado, admito. Não entendo uma coisa sequer e isso me assusta. É amedrontador pensar que algo que eu não compreenda possa voltar – de onde não sei – e mudar minha vida, irreversivelmente.

Ouviu isso? Acho que estão brigando de novo. Os grupos de cinco pontas estão voltando para fomentar o tumulto confuso de sempre. Antes de partir, pode me fazer companhia por mais um pouco? Ainda estou com medo. Não me deixe sozinho.

Álvaro Roux Rosa (Bernardo Marinho Sampaio)

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