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Ars Gratia Artis: As Cartas Verdes: Cartas 2 e 3 de Álvaro Roux Rosa

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Carta 2: Morte e a Certeza Paradoxal

Eu o saúdo, seja quem for que estiver lendo essa carta. Se a encontrou, peço que não apenas a leia, mas sim a entenda.

A morte é dita como a maior certeza da vida, como se fosse a única real verdade. É um “fato” apresentado de maneira fria e mórbida. Eu já acho esse pensamento meio solto. Acredito que quem o criou deve ter feito apenas para soar como um “pai de árvores secas”, apenas para pintar o mundo de cinza para que nossas desesperanças pesem ainda mais para cada amigo que perdemos ao longo de nossas vidas. Também não irei pagar de falso otimista e negar a morte; não é assim que funciona comigo. Mas falar que a morte é uma certeza sem os devidos créditos dados para a experiência que é viver me parece desonesto. Apenas temos a convicção de que a mortalidade é certa pelos nossos olhos mortais vivos. A perda é gerada pela ausência de algo que antes existiu. Se esse senso foi criado, então algo de fato existe para que seja perdido. Claro, também existem aqueles que podem tentar argumentar que a vida não passa de uma ilusão química complexa. Infelizmente, essas mesmas pessoas se esquecem de que nossa percepção do que é de fato a “morte” vem dessa mesma química, tornando-a uma incerteza. Em resumo, a existência do fim mortal é dependente do início mortal. Um não existe sem o outro. É igualmente importante amadurecer com ambos em mente para abraçar a vida e respeitar a morte.

Diga-me sem me dizer. Você tem medo de morrer? Ou seria esse o medo de viver? Quem sabe os dois. Isso, de fato, é uma incerteza.

Carta 3: Valores em Relação

Eu o saúdo, seja quem for que estiver lendo essa carta. Se a encontrou, peço que não apenas a leia, mas sim a entenda.

Seres humanos são complicados. É impossível ter total noção do que se passa na cabeça de outro ser humano, por mais que suas ações sejam francas. Sempre terão pequenos detalhes presos por falta de oportunidade, educação, pena, manipulação, retenção de sentimentos e assim por diante. Por conta disso, é um trabalho árduo tentar identificar se alguém sequer se importa com quem você é de fato. É aterrorizante pensar que pequenas atitudes podem aumentar ou diminuir o nível de intimidade entre indivíduos sem que verbalizem o que pensam. E como diversas pessoas agem de maneiras diferentes, padrões de acerto são imperceptíveis. O melhor que pode ser feito é se comunicar. Pode parecer que passamos do tempo de explicar todos os detalhes do que fazemos, entretanto, evitar confusões e aflições desnecessárias custa menos do que lidar com elas.

Você acha que não se importam contigo? Será que alguma pessoa que conhece acha que você não se importa com ela? Uma conversinha amigável não faria mal.

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