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Ars Gratia Artis: … Nem esperança

O remorso é como a doença da vontade. ‘Ignorar-se a si mesmo’ misturando-se a uma certeza de que esse saber existe, uma certeza bioquímica e além… Sou bom o suficiente para jamais precisar evoluir, jamais precisar aprender qualquer coisa que não seja eu, meu mundo, minha origem, meu destino.

Não quero sua ajuda. Por que não me ajuda mais? Mas não me ajude, de nada vai adiantar. Te pedirei pra que você acredite que quero e, assim, parar. Te pedirei de olhos marejados, direi que quero, diante de quem vai se orgulhar de mim. O importante não é o pedido, nunca precisei de ninguém, jamais precisarei. Se me ama ou odeia, me favoreça. Não ‘penso apenas no meu próprio bem’. Penso no outro quando isso me beneficia e por aí vai. Não, você não me entende. Quer se dispor a ser alguém importante pra mim? Ria, não me critique, me exalte. Ah, eu preciso aprender? Eu preciso evoluir? Eu preciso confiar em alguém? Nunca aprenderei nada de você e, por minha vontade, jamais saberá o que penso ou sinto… Essa dúvida e essa sua esperança patética serão minhas correntes em volta do seu pescoço, um presente de quem realmente amo… E que irá te angustiar pra sempre. Não pedi pra ser amado, jamais sentirei ou aceitarei seu amor, sua função na minha vida. Desista. Nunca direi isso assim… Será sempre com atitudes. Você já sabe qual o motivo da pergunta? Por que insiste? Acha que preciso ser salvo? Quem você pensa que é? Ao menos você é engraçado.

Por favor, não desista de mim. O que fiz pra merecer isso? Você nunca foi com a minha cara. Quem gosta, jamais desiste. Distancia-se porque acha que assim vai se poupar… O que ganha agindo desse jeito? Saúde? Paz? Evolução espiritual? Você é engraçado… E está sozinho, ninguém jamais vai acreditar em você; sempre irá perder, no fim. Ser grato é iludir-se.

Por essa e por outras, não preciso de você. Mas, por que tem se distanciado? O que tenho feito de errado? Nunca mais fiz aquelas coisas que te chateiam tanto, já tem duas semanas. Mas… Queria mesmo que você não existisse que nunca tivesse existido alguém como você. Acha que todos estão errados, você é o único certo. Você só vê a si mesmo. Então continuarei sendo do meu jeito – e vou te contar um segredo: seja você quem for, faça você o que fizer me ame, me odeie ou me despreze… Você será para sempre apenas mais um incômodo ou mais um conjunto desnecessário de sensações agradáveis, algo como o que sente um morador de rua ao encontrar no lixo revirado algo já apodrecido, mas ainda de alguma serventia.

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