À medida que o clima do planeta muda, a nossa saúde passa a ser mais afetada com consequências adversas. E nesta mudança, o aquecimento representa um desafio para a saúde da população.
Atualmente cerca de 30% da população mundial está exposta ao calor intenso, mas esse número deverá passar para 48% até 2100. Neste cenário, destaca-se de forma negativa a África subsaariana, como sendo uma das regiões mais vulneráreis as alterações climáticas. Ali, a força da mulher no campo representa 50% da mão de obra, trabalhando sob um calor intenso mesmo durante a gravidez, colocando em risco a gestação uma vez que a exposição ao calor pode aumentar complicações no parto.
Recentemente, pesquisadores de Gâmbia em parceria com a London School Of Hygiene e Tropical Medicine, conduziram um estudo para estabelecer se o estresse térmico (exposição às altas temperaturas, umidade, radiação solar e vento) teria algum efeito fisiológico no feto de maneira a tentar identificar qualquer anomalia neste. Foram acompanhadas 92 mulheres grávidas com idades a partir de 16 anos e tendo até 36 semanas de gestação. Estas participantes ficaram expostas a temperaturas médias de 36º, muito acima dos limites recomendados para trabalho ao ar livre, impactando na saúde da mãe e do bebê.
Os resultados demonstraram que os fetos destas trabalhadoras expostas ao calor extremo, apresentaram sinais de tensão antes mesmo que as mães fossem afetadas pelo calor. E para cada aumento na temperatura em 1º, verificou-se um aumento de 17% na tensão fetal. Os sintomas mais frequentes coletados foram náusea, vômito, dor de cabeça, tontura, fraqueza, dor muscular, fadiga e boca seca.
Saber o que se passa no feto durante a exposição ao calor é importante já que temperaturas elevadas podem causar alterações funcionais ou até mesmo estruturais, resultando em malformações congênitas.
O útero da mãe deveria ser o lugar mais seguro para o ser em formação.