Por Sandro Barros
Sem ter bola rolando nos gramados por tanto tempo por conta da pandemia da covid-19, os clubes de futebol do Brasil vão sentindo cada vez mais o prejuízo financeiro. Além de não contarem com as bilheterias dos jogos, eles também amargam a perda e a inadimplência dos seus programas de sócio-torcedor.
Com o futuro incerto quanto ao mercado de trabalho, e com muitos já sem empregos, mesmo os mais fiéis torcedores se vêem muitas vezes em um dilema: estar quite com a mensalidade ou colocar comida em casa. Levando isso em consideração, uma parte considerável vem escolhendo a segunda opção. Outra situação que pesa muito na decisão é o fato de estar em dia com o clube e não poder ir ao estádio, não gozando dessa forma do maior atrativo do programa. E a isso se acrescenta outro detalhe: mesmo quando os jogos retornarem, sabemos que no primeiro momento eles acontecerão sem torcida, como no campeonato alemão.
O Cruzeiro, que está na Série B do Brasileirão em 2020, vive intensamente essa difícil realidade. Com uma dívida de aproximadamente R$ 800 milhões, a diretoria do clube mineiro anunciou a perda de 50% na arrecadação do programa de sócio-torcedor durante a pandemia, em decorrência dos torcedores que não renovaram seus planos. A receita do clube caiu na mesma proporção.
Já o Flamengo ─ clube de maior torcida do país e que faturou quase R$ 1 bilhão em 2019 ─ já perdeu mais de dez mil sócios desde a paralisação dos campeonatos. Apesar disso, a diretoria do Rubro Negro carioca informou que as entregas prometidas pelo plano de sócio-torcedor serão integralmente cumpridas a partir do momento em que as autoridades derem sinal verde para a volta do futebol. Com jogos e treinos vetados, o Rio de Janeiro é um dos Estados mais afetados pela pandemia.
Incentivos dos clubes
O Vasco busca superar a situação dramática nas finanças, sufocadas por uma dívida de R$ 700 milhões, com a ajuda do torcedor. No ano passado, o clube ganhou mais de 150 mil novos sócios através de uma promoção. Porém, entre abril e maio de 2020, as baixas no programa superaram três mil torcedores. Para não perder mais contribuintes, a diretoria do Cruzmaltino disponibiliza bonificações a quem renovar o plano. Além disso, correntes políticas do clube também lançaram campanhas incentivando sócios a manter os pagamentos em dia.
Ainda no Rio de Janeiro, o Fluminense oferece descontos na mensalidade e na adesão. Com isso, a cada baixa no programa de sócios o tricolor carioca tem somado uma média de três novos contribuintes. No Bahia, a saída foi uma campanha para que torcedores antecipassem três parcelas de pagamento. O resultado foi muito positivo, com mais de mil sócios dando suas contribuições antecipadas ao programa, que, atualmente, é a sua única fonte de renda.
Outros clubes também se mobilizam para contornar a debandada de associados na crise. O Atlético-MG anunciou uma extensão gratuita de três meses aos planos de torcedores adimplentes e novos sócios. O Fortaleza adotou medida parecida, com dois meses a mais de gratuidade.