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Conheça a Toda Cidadã: Organização que leva Educação Política para mulheres

 

A Toda Cidadã acredita na necessidade da disseminação de conhecimento sobre os direitos dos cidadãos

De acordo com o último Dossiê da Mulher, divulgado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), referente ao ano de 2022, a cada cinco minutos, uma mulher foi vítima de algum tipo de violência. De acordo com especialistas, há várias dificuldades no combate desse problema, entre elas a própria falta de conhecimento sobre o que a violência contra a mulher e os mecanismos legais de proteção às vítimas. Pensando em mudar dados como esse, nasce a Toda Cidadã, organização que atua na Educação Política para mulheres. A organização nasceu há um ano e trabalha diretamente na disseminação de conhecimento sobre os Direitos Humanos, Economia e Política para mulheres, em especial as que estão em vulnerabilidade social.

Desde o seu nascimento, a Toda Cidadã já lançou três cursos, e contou com mais de 400 alunas através de eventos on-line e presenciais gratuitos de Educação Política e atuando também como polo para pessoas de todo o Brasil que queiram aprender mais sobre Economia, Direitos Humanos e Feminismos. Além de oferecer espaços de debate e organização política, dedicando atenção a pessoas inseridas em contexto de vulnerabilidade social.

A organização conta com 13 pessoas em quatro regiões do Brasil. São profissionais de áreas como comunicação, direito, relações internacionais, engenharia e administração. A presidente da organização, Gabriela Toso, destaca a importância de iniciativas como a Toda Cidadã para o desenvolvimento político e intelectual das mulheres alcançadas.

“A Educação Política é importante, porque é o que permite que as pessoas saibam de que forma decisões estão sendo tomadas sobre suas próprias vidas, na esfera pública. Também possibilita identificar quem são os tomadores dessas decisões e com esse conhecimento, a população pode se organizar para pautar temas que sejam de seu interesse. Mulheres não costumam ter acesso a essa educação, porque muito do seu tempo livre, que poderia ser usado para isso, acaba sendo disponibilizado em trabalhos domésticos, reprodutivos ou de cuidado. Com isso, sobra menos tempo para se entender como cidadã e ter agência política”, explicou Gabriela.

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, em 2022, dos 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, 6,5 milhões são mulheres. Enquanto a taxa de desocupação entre os homens é de 9%, a de mulheres é de 13,9%. Também vale destacar que as mulheres ganham em média 20,5% menos que os homens no Brasil. Por isso o trabalho que a Toda Cidadã realiza torna-se de total importância para as mulheres encontrarem seus lugares na  sociedade e entenderem seus direitos enquanto cidadãs.

Partindo desse princípio, em março de 2022 a organização lançou o primeiro curso, intitulado ‘Por uma advocacia feminista’, que foi elaborado por uma profissional da área e ministrado por profissionais com experiência prática advocatícia e visa tornar a prática do direito mais próxima às demandas de justiça de gênero. Ao mesmo tempo em que propõe um olhar crítico ao ordenamento jurídico brasileiro na perspectiva feminista, apresentando soluções e caminhos práticos para operadores do Direito que busquem atuar em suas respectivas áreas para a construção de um mundo mais igualitário.

O ano de 2022 foi de muito trabalho para a equipe da Toda Cidadã, que não mediu esforços para compartilhar conhecimento e alcançar cada vez mais mulheres pelo Brasil.

“Em 2022 também fizemos outros dois cursos: Carga Mental, onde falamos sobre como a sobrecarga dos trabalhos domésticos e de cuidado afetam as mulheres, e o Manual de Sobrevivência da Adolescência, que foi disponibilizado em nosso canal no YouTube e também em cursinhos populares e escolas de todo o Brasil. Nele, falamos sobre gênero, raça, classe, educação sexual, pressão estética e uma série de temas relativos a meninas na adolescência”, finalizou Gabriela.

Já no ano de  2023, todos os cursos serão 100% gratuitos e voltados para a temática violência doméstica, que envolve diferentes aspectos, a fim de trazer conscientização sobre o tema, abordar as etapas que antecedem a prática da violência e quais órgãos de proteção o estado oferece. Os novos cursos acontecerão de maio a dezembro. Confira o cronograma:

Maio:

Clube de Leitura dos livros “A Criação do Patriarcado”, de Gerda Lerner, e “É Assim que Acaba”, de Collen Hoover. O objetivo do clube é entender como as mulheres foram sistematicamente excluídas da esfera pública e do acesso a direitos, por meio do primeiro livro, de teoria feminista. Já o segundo livro é um romance literário que ilustra as armadilhas do machismo por meio da narrativa da personagem principal, vítima de um relacionamento abusivo. A ideia de juntar os dois livros é de entender a teoria com um exemplo literário que se assemelha muito à vivência das vítimas de violência doméstica. O objetivo do curso é ajudar mulheres vítimas a entenderem que muito do que passaram foi também por conta de um problema sistemático, visando questionar a narrativa de culpabilização da vítima.

O clube contará com 6 semanas de aulas síncronas, seguidas de discussões sobre desigualdades de gênero e suas implicações na vida das mulheres, em particular na esfera da violência doméstica.

Junho:

Como se parece um relacionamento saudável?

O curso, que será ministrado por psicólogas com conhecimento de temáticas de gênero e raça, visa auxiliar mulheres a identificar um relacionamento saudável e saber diferenciar de um abusivo.

O curso contará com aulas síncronas e gravadas.

Setembro:

Dependência Financeira e Violência Patrimonial: como lidar?

O curso abordará um dos aspectos menos falados da violência doméstica: a patrimonial. Com o objetivo de auxiliar mulheres na identificação e percepção dessa violência, bem como auxiliar na criação de estratégias para autoproteção, o curso será ministrado por profissionais especialistas em Direito da Mulher e em Finanças para Mulheres.

Dezembro:

Em Briga de Marido e Mulher, se mete a colher!

Como o machismo estrutural favorece a violência contra a mulher

Esse curso falará sobre o papel da cultura e da sociedade na prevalência da violência doméstica, e sobre como os movimentos sociais se organizaram no Brasil e na América Latina para fortalecer a educação sobre o tema.

Serviço:

Se você quiser acompanhar o trabalho que a Toda Cidadã desenvolve, acesse:  instagram.com/todacidada.

 

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