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Crescem Crimes de Discriminação Racial no Rio

Por Suelen Martins 

Somente no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, foram registradas 1.365 ocorrências de injúria por preconceito ano passado

Acabamos de nos despedir do mês de março, e não podemos esquecer que além de marcar o homenagens as mulheres, também é lembrado o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, porém os dados não são nada bons. O Brasil ainda está muito longe de se tornar uma democracia racial. Em média, os brancos têm os maiores salários, sofrem menos com o desemprego e são maioria entre os que frequentam o ensino superior, por exemplo. Ainda sim, alguns avanços estão ocorrendo, uma delas é a Lei 14.532, de 2023, que tipifica crime de racismo como injúria racial, com a pena aumentada de um a três anos para de dois a cinco anos de reclusão. Os crimes raciais têm crescido nos últimos anos.

Paulo Victor Lima – advogado penal e criminal – Foto: Flávia Freitas

O Advogado Criminal e Penal, Paulo Victor Lima, explica como funciona a justiça para esse tipo de crime. “A Lei n°: 7.716/89 foi criada a fim de atender ao reclame do artigo 5°, XLII, da Constituição Federal de 1988 que determinou o combate ao racismo. A referida lei criminaliza diversas condutas, inclusive, recentemente alterada pela Lei n°: 14.532/23, passou a qualificar ofensas que antes eram chamadas de injúrias raciais como racismo. Basicamente, o racismo se constitui em qualquer elemento de discriminação em razão da etnia com fim de humilhar, segregar, subjugar ou ainda impingir vergonha, medo e exposição indevida”, pontua.

Somente no estado do Rio de Janeiro, por exemplo, foram registradas 1.365 ocorrências de injúria por preconceito ano passado. Já em São Paulo, aumentou 128% entre 2019 e 2021. Os registros deste tipo de crime, entre janeiro e outubro do ano passado, também já superam a totalidade dos três anos anteriores. Segundo a Polícia Civil, foram registradas 412 ocorrências de discriminação racial, em 2019, 553 em 2020, e outros 956 no ano seguinte. Nos dez primeiros meses do ano passado, foram 964 casos relatados por vítimas, representando um registro a cada oito horas.

É importante lembrar que o enfrentamento ao racismo precisa ser feito em todas as esferas e ambientes. ”Além da criminalização de condutas racistas, é importantíssimo uma política de promoção de grupos étnicos mais vulneráveis como forma de reparação histórica, bem como campanhas de conscientização e valorização dessas culturas. O abjeto crime de racismo deve ser fortemente combatido não apenas por estar criminalizado na lei, mas por ser um dos mais repugnantes atos praticados pelo ser humano é uma das maiores violações aos Direitos Humanos”, finaliza.

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