Alta demanda pelo serviço durante a pandemia causou uma bola de neve de dívidas e profissionais de saúde sem receber pelos planos.
A indústria brasileira de planos de saúde enfrenta uma crise financeira, com pagamentos atrasados a prestadores de serviços chegando a R$ 1 bilhão de dívida. Em maio de 2023, 13% dos planos de saúde que cobrem 50,3 milhões de brasileiros enfrentarão um aumento de até 24,9%, já que a maioria destes prestadores de serviço, que viram o maior crescimento entre os serviços de saúde, busca reconstruir lucros e melhorar o fluxo de caixa após o impacto das sinistralidades.
No final de março, o lucro líquido registrado foi de apenas R$ 2,5 milhões, menos do que em 2020, que totalizou R$ 18,7 bilhões. O aumento da demanda pelo serviço em 2020 foi um dos impactos econômicos causados pela Covid-19, já que a pandemia levou a um aumento da conscientização da necessidade de serviços de saúde, especialmente durante períodos de alta demanda. O trabalho remoto também aumentou a necessidade de serviços de saúde mental devido à falta de contato social.
Embora o número de beneficiários de planos de saúde tenha aumentado em 1,6 milhão entre novembro de 2021 e o mesmo período em 2022, representando o maior registro desde 2014, o dinheiro não está seguindo o mesmo caminho. O prejuízo operacional representa o pior registro desde 2001, em R$ 11,5 bilhões. Somente no segundo trimestre de 2022, atingiu um recorde histórico de R$ 4,4 bilhões, com um prejuízo líquido de R$ 1,7 bilhão.
A razão para o aumento de usuários de planos de saúde está ligada à geração de empregos formais. Quando um brasileiro é contratado formalmente, geralmente ganha acesso a planos de saúde fornecidos pela empresa em que trabalha. Atualmente, 41,4 milhões (82%) dos 50,4 milhões de cidadãos que têm acesso a esse benefício estão vinculados a empresas, enquanto 8,9 milhões são indivíduos ou famílias.
De acordo com Iuri Leite, fundador da SecureCard, um cartão de múltiplos benefícios, cada vez mais brasileiros estão procurando alternativas de saúde acessíveis, mas estão evitando os planos de saúde tradicionais, que cobram mensalidades cada vez mais altas. Ele acredita que novos sistemas podem otimizar o cenário de saúde do país, e que cartões de múltiplos benefícios que oferecem descontos em procedimentos, consultas e outros serviços credenciados podem ser uma alternativa viável. As taxas mensais podem fornecer acesso a benefícios e descontos.
Os planos de poupança são um dos modelos mais desafiadores, pois exigem um valor consideravelmente alto para cobrir despesas em clínicas e hospitais particulares. Atualmente, existem planos de poupança com taxas mensais acima de R$ 350,00.
Uma das soluções que tem sido proposta para lidar com a crise financeira é a revisão dos contratos com prestadores de serviços de saúde, com o objetivo de reduzir custos. No entanto, isso pode gerar outro problema, já que os profissionais de saúde podem se recusar a prestar serviços para empresas que oferecem contratos com valores abaixo do mercado.
Outra questão a ser enfrentada é a falta de regulamentação dos preços cobrados pelos prestadores de serviços de saúde. Isso significa que os hospitais e clínicas podem cobrar preços exorbitantes, o que contribui para o aumento dos custos dos planos de saúde. É necessário que o governo regulamente esses preços para evitar que os consumidores sejam prejudicados.
Além disso, a crise financeira das empresas de planos de saúde pode afetar negativamente a qualidade dos serviços prestados aos beneficiários. Com menos recursos financeiros, as empresas podem não conseguir investir em equipamentos modernos, medicamentos e outras tecnologias que podem melhorar a qualidade dos serviços prestados.