Jornal DR1

Deleite Linguístico: A Augusto dos Anjos

Em minhas andanças,
Tenho notado muitas pessoas de aliança.
Será que, de fato, há ali um agradável enlace
Ou apenas mero um disfarce?

Será que, em seus âmagos,
com o outro estão por amor
Ou apenas para encobrir
Algum dissabor?

O pavor da solidão
Nos faz sofrer de montão
E aceitar migalhas de qualquer irmão…
Afinal, moramos entre feras,
declamou um poeta paraibano
em seus “Versos íntimos”.

Olho para o lado
E procuro alguém para viver lado a lado.
Passear, namorar, desfrutar
Momentos inesquecíveis gozar…
O que fazer se
de mim não depende tais instantes obter?

Certa vez, ouvi Augusto a mim dizer:
“Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.”
Será, então, que é isso que me espera,
Meu caro, dos Anjos?

Saiba você que ainda tenho esperança,
Pois não passo de uma mera criança
Cujos sonhos não me foram ceifados!
Embora eu saiba ser possível,
de acordo o “poeta da morte”,
Que “o beijo amigo é a véspera do escarro”
E que “a mão que afaga é a mesma que apedreja”.
Será tais ações algo inevitável?

Fernanda Lessa, poetisa

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