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Deleite Linguístico: Apaixonado na mãe? Não mesmo!

Pelos meus constantes acessos a redes sociais, tenho lido muitas construções em que a regência nominal do adjetivo “apaixonado” e suas flexões estão inadequadas à norma-padrão de nossa língua, já tão desrespeitada… Não à toa, os Paralamas do Sucesso denunciaram os desvios gramaticais, cantando “Assassinaram a lógica/ Sequestraram a fonética/ Violentaram a métrica” na música Assaltaram a Gramática, de Lulu Santos e Wally Salomão. 

Vamos às provas do crime de homicídio, tipificado no Código Penal Brasileiro, pelo Artigo 121. Ou melhor, do crime de “gramaticídio, afinal “a eliminação injusta de um homem, realizada por outro homem” é, no caso em questão, a eliminação das regras da Gramática, cometida por vários usuários da Língua Portuguesa. Logo o objeto material do crime são as inadequadas construções, realizadas pelos mais variados sujeitos ativos do crime (e haja sujeito! KKKK). Quem nunca ouviu ou leu a seguinte construção: “Estou apaixonada naquela bolsa!”? De início, avaliei como um lapso do falante; com o tempo, entretanto, inferi que se trata de uma construção recorrente cujo uso só aumenta sem as pessoas se darem conta de que não há respaldo que a justifique nos moldes gramaticais. Fazem-na, portanto, sem moderação e até como uma forma de demonstrar “eu sei construir a regência nominal do adjetivo apaixonado(a)! Tal “certeza” levou-me a redigir este texto, como forma de colaborar para que não haja novos sujeitos ativos desse tão assíduo crime. 

Para isso, reporta-me-ei ao Dicionário Prático de Regência Nominal, de Celso Pedro Luft, em que, na página 54, Luft explicita que ‘Apaixonado’ tem como preposições “de” e “por”, ofertando aos consulentes estes exemplos: “Um (homem) apaixonado de (ou por) alguém ou algo. ‘Era apaixonado da ópera e da opereta”; “Vais ficar apaixonada por esse americano”. Não há, sob hipótese alguma, o emprego da preposição “em”, sozinha ou contraída com um artigo ou com um pronome. Dessa forma, os modismos “apaixonado no quartinho”, “apaixonada na roupa”, “apaixonados naquela série” e tantos outros não encontram respaldo que os habilite ao uso tão corriqueiro. Espero, meus caros leitores, que possam disseminar mais essa dica linguística, a fim de que o número de “gramaticídios” seja mitigado. Nossa língua materna agradece! Afinal, quem não é apaixonado pela mãe? Aproveito, portanto, para desejar um “Feliz Dia das Mães” às mais variadas mães: mãe de pets, mãedrasta, pãe, mãe solo; já que nossa Gaia, nossa Deusa da Terra, Mãe geradora de todos os deuses e criadora do planeta necessitam de que sejamos apaixonados por ela diariamente! 

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